Pico de presença de caravelas-portuguesas nos Açores já terá passado
20 de jun. de 2019, 02:15
— Lusa/AO Online
“No ano de 2019, e para o
arquipélago dos Açores, a espécie Physalia physalis, conhecida
vulgarmente como caravela-portuguesa, tem ocorrido desde o final de
abril até ao presente mês de junho”, referiu à Lusa Antonina dos Santos,
coordenadora do programa GelAvista.Segundo
a responsável, a maior abundância (acima de 100 indivíduos até
milhares) foi registada nas ilhas Terceira, Flores e Faial, mas
indivíduos em menor número (abaixo de 100 indivíduos) foram também
detetados nas ilhas Corvo, São Jorge, São Miguel e Pico.A
investigadora sublinhou que é preciso “aguardar a evolução dos fatores
oceanográficos locais para perceber como poderá evoluir o transporte
desta espécie”, mas “os dados GelAvista indicam que a abundância destes
organismos é já menor do que no final de maio e início de junho”.“Sendo
o florescimento ('bloom') da espécie um fenómeno natural que ocorre
anualmente, é previsível que tenhamos passado por um pico de abundância
que irá diminuindo ao longo do tempo”, prosseguiu, ressalvando, no
entanto, que “o GelAvista não tem ainda as ferramentas necessárias para
prever o final deste florescimento da espécie”.Antonina
dos Santos explicou que não é ainda “possível identificar os fatores
que poderão estar por trás” da abundância destas espécies, uma vez que
“existe ainda muito desconhecimento não só sobre esta espécie [Physalia
physalis], mas também sobre outros organismos gelatinosos, a nível
mundial”.A responsável avançou, no
entanto, que a caravela-portuguesa é “muito influenciada por ventos e
correntes, flutuando à superfície do oceano”, mas também referiu que
“temperaturas elevadas poderão beneficiar a sua reprodução e
desenvolvimento”.Ainda que não possa
identificar se o cenário presente é diferente do de anos anteriores, a
investigadora afirmou que este ano o programa recebeu e recolheu “muito
mais informação sobre as ocorrências do que em 2018”.Em
2019, a “espécie foi primeiro detetada na costa de Portugal
continental, onde tem sido observada frequentemente desde janeiro até ao
presente mês de junho nos distritos de Lisboa, Leiria, Setúbal, Aveiro e
Beja, bem como na região do Algarve”.Também na ilha da Madeira foi detetada logo em fevereiro e até maio, de forma mais esporádica.O
programa GelAvista foi criado pelo IPMA e pretende, com o contributo da
comunidade, monitorizar os organismos gelatinosos, como as
caravelas-portuguesas ou as alforrecas, também conhecidas como
águas-vivas, na costa portuguesa.“A
caravela-portuguesa tem o nome científico de Physalia physalis e vive na
superfície do mar graças ao seu flutuador cilíndrico, azul-arroxeado,
cheio de gás. Os seus tentáculos podem atingir 30 metros e o seu veneno é
muito perigoso”, explica a Autoridade Marítima Nacional (AMN).Em
caso de contacto com um destes organismos, é recomendado que se retire
com cuidado os tentáculos, recorrendo a luvas e uma pinça de plástico e
que se lave a zona afetada com soro fisiológico, procurando assistência
médica o mais rapidamente possível.