Pichardo admite que “antes era difícil andar na rua” devido às “polémicas”
4 de ago. de 2022, 16:07
— Lusa/AO Online
“Há
dois ou três anos as coisas mudaram muito. Não podemos esquecer e negar
as situações que aconteceram quando cheguei ao país. Antes era mais
difícil quando andava na rua, havia muitas polémicas”, lembrou o atleta
nascido em Cuba e naturalizado português em 2017, que foi ontem
homenageado pela Câmara Municipal de Setúbal, no Complexo Desportivo
onde treina.Pedro Pablo Pichardo, que
juntou o ouro do Mundial, graças a um salto de 17,95 metros, ao olímpico
conquistado há um ano nos Jogos Tóquio2020, garante que a realidade é
hoje outra.“Depois tudo mudou e as pessoas
já falam melhor comigo. Já consigo falar português e percebo melhor
também. Tudo tem mudado, agora, mesmo quando vou ao ‘shopping’ ou
supermercado com a minha família, ou ando pela rua, tem sido muito bom”,
refere.Menos de um ano depois de ter
descerrado uma placa alusiva ao título de campeão olímpico conquistado
no Japão, Pedro Pablo Pichardo não escondeu a sua satisfação por ter
hoje voltado a ser alvo de homenagem idêntica pelo município
setubalense.“É uma sensação muito boa. A
única maneira que tenho de agradecer é continuar a ter bons resultados.
Desde que cheguei a Setúbal sempre fui bem acolhido. Estou muito grato e
feliz pela placa. Foi uma homenagem muito bonita e que me deixa muito
feliz”, disse.Sobre a possibilidade de
juntar novas homenagens às existentes no local onde treina, o atleta, de
29 anos de idade, garante que não vê esse aspeto como uma pressão
extra, pelo contrário.“Pessoalmente,
motiva-me. Encaro esse desafio como mais um rival ou competição que
tenho de encarar da melhor maneira para continuar a conquistar títulos e
depois esperar as placas”, afirmou.Já a
pensar no Campeonato da Europa de Atletismo, que decorre em Munique
(Alemanha), de 15 a 21 de agosto, e na Liga Diamante, o saltador não
hesita em apontar ao lugar mais alto do pódio.“É
como sempre digo: gosto de competir e ganhar. Na minha cabeça está
sempre a vitória. Tenho tido muitas competições e a viagem da América
deixou-me fatigado, mas já estamos a trabalhar e espero que a partir de
sábado comecem a sair bons resultados”, disse.A
ambição de Pedro Pablo Pichardo leva-o a afirmar que bater o recorde do
mundo, cujo recordista mundial é o britânico Jonathan Edwards, com
18,29 metros, não é um sonho, mas um objetivo.“Sonho
é quando uma coisa está muito distante ou é até impossível de
conquistar. No meu caso, tenho trabalhado e sinto-me muito bem física e
psicologicamente também. Durante a competição estou com muita adrenalina
e aí perco muitos centímetros. Já estamos a trabalhar a pensar nessa
fase e agora resta esperar para ver o que acontece”, vincou.Questionado
sobre as razões que o levaram a não comparecer na zona de chegadas do
Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com a restante comitiva que
representou Portugal na competição que se realizou em Eugene, nos EUA, o
português justificou-se dizendo que “estava morto” e pediu para não o
levarem a mal.“Ainda estou cansado. Estava
rebentado, cansado. A viagem não foi boa, houve atrasos no embarque…
estava mesmo morto. Pedi à Federação se podia agendar a imprensa para
outro dia, mas não foi possível. Espero que as pessoas entendam e não
levem a mal. Estou sempre disponível e espero que entendam”, disse.Na
homenagem a Pedro Pablo Pichardo, que descerrou a placa alusiva ao
título mundial juntamente com o vereador do Desporto de Câmara de
Setúbal, Pedro Pina, estiveram, entre outros, José Manuel Constantino,
presidente do Comité Olímpico de Portugal, Jorge Vieira, presidente da
Federação Portuguesa de Atletismo, e Paulo Frischknecht, presidente da
Fundação do Desporto.