PIB mundial pode diminuir até 10% se temperatura aumentar três graus
18 de abr. de 2024, 18:31
— Lusa
“Se
tivermos em conta que os anos mais quentes também trazem mudanças nas
chuvas e na variabilidade da temperatura, verifica-se que o impacto
estimado do aumento das temperaturas é pior do que se pensava
anteriormente”, explicou o economista Paul Waidelich, da ETH Zurique,
que liderou a equipa internacional responsável pelo estudo, divulgado na
quarta-feira pelo Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurique, na
Suíça.O trabalho, que utilizou projeções
de 33 modelos climáticos globais, defende que o crescimento económico
futuro depende de uma ação rigorosa em relação ao clima, sustentando que
limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC acima dos valores médios da era
pré-industrial em vez de 3ºC pode reduzir em dois terços as perdas
mundiais devido às alterações climáticas.“Os
nossos resultados mostram que o custo da inação climática é
substancial”, sublinhou Sonia Seneviratne, do ETH Zurique e coautora do
estudo. “Alguns ainda dizem que o mundo
não pode pagar uma descarbonização rápida, mas a economia global também
sofrerá os impactos das alterações climáticas”, insistiu a também
vice-presidente do Grupo de Trabalho I do Painel Intergovernamental
sobre Alterações Climáticas.Um aquecimento
global de 3ºC aumenta o risco de chuvas torrenciais em todo o planeta, o
que reduz o PIB mundial numa média de 0,2%, o que, face à atual
dimensão da economia, equivaleria a 200 mil milhões de dólares (187,6
mil milhões de euros).Entre os fenómenos
climáticos extremos considerados, as ondas de calor são o que causa
maior impacto, sugerindo o estudo que “quase metade dos danos económicos
devido a um aquecimento global de 3ºC podem estar relacionados com o
calor extremo”. A equipa de investigação
admite, no entanto, ser complicado projetar os impactos da variabilidade
e dos fenómenos climáticos extremos, porque também dependem da sua
duração e de como a sociedade se irá adaptar.Por
outro lado, considera que o custo total das alterações climáticas será
provavelmente bastante mais elevado, dado que o seu estudo não inclui os
impactos que não são económicos de fenómenos como secas e subidas do
nível do mar.