PGR diz que investigação na Madeira abrange concursos entre 2020 e 2024
19 de set. de 2024, 11:21
— Lusa/AO Online
O
comunicado inicial da PGR referia que a investigação abrangia o período
entre 2014 e 2020, que totalizam mais de um milhão de euros (sem IVA).A
Polícia Judiciária desenvolveu na terça-feira uma operação que visou no
início a execução de sete mandados de detenção, que passaram depois a
oito, envolvendo autarcas, empresários, funcionários públicos, titulares
de cargos políticos e de altos cargos públicos.No
âmbito da operação foram também realizadas 43 buscas domiciliárias e
não domiciliárias, duas das quais efetuadas em sedes de municípios e
quatro em secretarias regionais.Segundo a
PJ, em causa estão suspeitas da prática dos crimes de participação
económica em negócio, recebimento ou oferta indevidos de vantagem,
prevaricação e financiamento proibido de partidos políticos.Ainda
de acordo com a PJ, a investigação foi desencadeada em 2020 pela
Unidade Nacional de Combate à Corrupção e pelo Departamento de
Investigação Criminal da Madeira e incide “sobre condutas consideradas
como criminalidade altamente organizada”.Fonte
judicial indicou também à Lusa que a investigação está relacionada com
as buscas e detenções efetuadas no início do ano, na ilha da Madeira,
envolvendo, entre outros, o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro
Calado. O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, também
foi constituído arguido.“Em causa estão
adjudicações efetuadas por entidades públicas regionais, através dos
seus representantes, titulares de cargos políticos e funcionários, a
sociedades controladas por um único indivíduo, bem como, com outras
empresas geridas por pessoas com quem o mesmo tem relações de amizade,
em violação das regras dos concursos públicos”, é referido numa nota
divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).Entre
os detidos na terça-feira estão o presidente da Câmara da Calheta e da
Associação de Municípios da Madeira (AMRAM), Carlos Teles, o antigo
secretário regional da Agricultura Humberto Vasconcelos, o presidente do
conselho diretivo do Instituto da Administração de Saúde da Madeira
(IASAÚDE), Bruno Freitas, o ex-diretor regional da Agricultura, Paulo
Santos, bem como Humberto Drumond e Miguel Nóbrega, administradores da
empresa Dupla DP, uma agência de comunicação, publicidade e marketing, e
duas funcionárias públicas.A operação
denomina-se “AB INITIO” e mobilizou 110 elementos da PJ, quatro
procuradores do Ministério Público, dois juízes do Tribunal Judicial do
Funchal e seis elementos do Núcleo de Assessoria Técnica, indicou a
Polícia Judiciária.Os detidos ficaram no
Estabelecimento Prisional do Funchal e deram entrada esta quinta-feira no Tribunal do
Funchal para serem sujeitos a primeiro interrogatório judicial.