PGR diz que a sua perceção é que Portugal é um país seguro
29 de nov. de 2024, 18:13
— Lusa/AO Online
“Pode haver
situações pontuais por razões eventualmente objetivas, mas, em termos
gerais e, neste momento, a perceção que tenho é uma perceção de um país
seguro”, afirmou Amadeu Guerra, aos jornalistas, em Leiria, à margem de
uma visita de trabalho à Comarca, após ser questionado sobre a
declaração ao país do primeiro-ministro na quarta-feira.Antes
salientou que as suas declarações sobre esta matéria “não têm qualquer
referência àquilo que disse o senhor primeiro-ministro”.“Eu
sou um grande defensor - e ele também - da separação de poderes,
portanto, não me vou imiscuir relativamente às matérias que ele abordou,
mas eu também não tenho qualquer situação, qualquer indício de que as
coisas não estejam diferentes (…) da perceção que normalmente temos”,
adiantou.Questionado se o Ministério
Público sente alguma pressão após as palavras de Luís Montenegro, Amadeu
Guerra respondeu negativamente.“Nós não
temos pressão por causa de afirmações de governantes. Fazemos o nosso
trabalho, sabemos onde estamos, o que temos de fazer e, portanto, é
nesse contexto que nós trabalhamos”, referiu, argumentando que, perante o
que dizem os políticos e os órgãos de comunicação social, o Ministério
Público continua o seu “trabalho sem problema absolutamente nenhum”,
porque está a fazer o que acha que deve ser feito.O
procurador-geral da República insistiu na rejeição de pressões,
frisando que a equipa que lidera não está pressionada “por aquilo que é
dito”.“Estamos a fazer o nosso trabalho da
forma melhor que queremos e sabemos fazer e, portanto, estamos
tranquilos relativamente à nossa atividade e não me parece que haja
qualquer pressão”, acrescentou.Na quarta-feira, o primeiro-ministro repetiu que Portugal é um país seguro.“Tenho
reiteradamente dito que Portugal é um país seguro, é mesmo um dos
países mais seguros do mundo, mas este contexto tem de ser trabalhado e
alcançado todos os dias”, defendeu Luís Montenegro.Luís
Montenegro falava aos jornalistas no final de uma reunião de cerca de
uma hora com a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, a ministra da
Administração Interna, Margarida Blasco, o diretor nacional da Polícia
Judiciária, o comandante-geral da GNR, o diretor nacional da PSP e o
secretário-geral adjunto do Sistema de Segurança Interna. Sobre
os sucessivos recursos apresentadas pelo ex-primeiro-ministro José
Sócrates no âmbito do processo “Operação Marquês”, que ainda não chegou a
julgamento, o procurador-geral da República observou que “os arguidos
utilizam os meios que a Lei tem à sua disposição”.À pergunta se o prolongamento no tempo deste processo não representa algum exagero, Amadeu Guerra escusou-se a qualificar.“Eu
não vou qualificar absolutamente nada, se há exagero, se deixa de ser. O
que eu acho é que, nos termos da Lei, a maioria dos arguidos quer em
julgamento que sejam apresentadas as provas, que seja feita a sua defesa
e é isso que eu acho que deve acontecer em termos gerais”, declarou.Sobre
se deveria haver algum limite às chamadas manobras dilatórias, Amadeu
Guerra contrapôs: “Não sou o legislador, não me pronuncio sobre isso”.