PGR diz não ter agendas e mostra-se insatisfeito com divulgação de escutas
Operação Influencer
9 de dez. de 2025, 17:52
— Lusa/AO Online
"Não
fico satisfeito com situações dessas. Não tenho agendas, como às vezes
se diz que o Ministério Público lança escutas ou lança provas... Eu não
tenho agendas", afirmou Amadeu Guerra, à margem de um evento numa escola
em Loures para assinalar o Dia Internacional Contra a Corrupção.Queixando-se
de que as declarações que faz, incluindo através de comunicados, são
"muitas vezes mal-interpretadas", o PGR lamentou que esteja "na ordem do
dia criticar o procurador-geral e o Ministério Público"."Não
estou satisfeito com isso. Porquê? Porque faço um trabalho sério. Eu
vim para procurador-geral porque achei que ainda podia prestar um bom
serviço ao país, apenas por isso. Não é prémio carreira", sustentou.Em
03 de dezembro, a revista Sábado publicou uma notícia em que dá conta
do resumo das transcrições de escutas que envolvem António Costa na
Operação Influencer.No mesmo dia, a
Procuradoria-Geral da República esclareceu, em comunicado, que nem todos
os inquéritos deste caso têm segredo de justiça interno, o que
possibilitou o acesso dos arguidos aos autos "por diversas vezes", e
anunciou que o Ministério Público iria fazer uma "participação criminal
pelo conteúdo" então noticiado."Contrariamente
ao que já ouvi dizer, não atiramos culpas para terceiros, não atiramos
culpas para ninguém. Nós assumimos as nossas culpas", acrescentou hoje
Amadeu Guerra, salientando que a participação criminal visa investigar
"todas as pessoas e verificar se é possível" saber "quem é que forneceu
as informações" ao jornalista que escreveu a notícia da Sábado com o
resumo das escutas.Em 07 de novembro de
2023, foram detidas e posteriormente libertadas no âmbito da Operação
Influencer cinco pessoas, incluindo o então chefe de gabinete de António
Costa.Em causa estão suspeitas de crime
na construção de um centro de dados em Sines, distrito de Setúbal, na
exploração de lítio em Montalegre e Boticas, ambas no distrito de Vila
Real, e na produção de energia a partir de hidrogénio também em Sines.O
caso levou à queda do Governo de António Costa (PS), tendo o agora
presidente do Conselho Europeu sido considerado suspeito, sem ser
constituído arguido.