Pfizer fez oferta com entrega de vacina em 2020 e Brasil não respondeu
Covid-19
14 de mai. de 2021, 11:35
— Lusa/AO Online
Segundo Carlos Murillo, a empresa
norte-americana enviou propostas oferecendo até 70 milhões de doses de
vacina ao Brasil em agosto passado, mas não obteve resposta."Nossa
oferta de 26 de agosto, como era vinculante, e como estávamos nesse
processo com todos os governos [de outros países] tinha validade de 15
dias. Passados esses 15 dias, o Governo do Brasil não rejeitou, mas
tampouco aceitou", afirmou Murillo.A
declaração ocorreu durante um depoimento na Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Senado brasileiro que investiga as respostas dadas à
pandemia de covid-19.De acordo com os
números apresentados pelo executivo, que listou várias ofertas enviadas
pela Pfizer ao Governo brasileiro, o país poderia ter recebido 1,5
milhão de doses ainda em 2020.Se tivesse
aceitado a melhor proposta da Pfizer, o Brasil já teria recebido 18,5
milhões de vacinas até ao momento, sendo 1,5 milhões de doses entregues
em dezembro, outras 3 milhões no início deste ano e mais 14 milhões até
junho.O Governo brasileiro só firmou um
contrato para compra de vacinas da Pfizer em 19 de março de 2021, quando
divulgou a aquisição de 100 milhões de doses do imunizante. O país
deverá receber 14 milhões de doses da Pfizer ainda no segundo trimestre
do ano.Nesta semana, o Brasil anunciou que
assinou um contrato para comprar outras 100 milhões de doses da vacina
desenvolvida pela empresa norte-americana.A
aquisição de vacinas da Pfizer é uma das polémicas da gestão do Governo
liderado pelo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, na pandemia de
covid-19.Bolsonaro, um cético em relação
ao perigo da pandemia, chegou a criticar a Pfizer em dezembro passado,
alegando que a empresa e outras farmacêuticas deveriam procurá-lo para
vender vacina e não o contrário, criticando a falta de apresentação de
documentos sobre as vacinas à agência reguladora de medicamentos do
país.No entanto, documentos apresentados
pela Pfizer indicam que a empresa havia feito várias propostas ao
Governo brasileiro desde agosto.Murillo
informou que a empresa começou a enviar de documentos à Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador de medicamentos, para
aprovar o uso do seu imunizante no país em novembro de 2020.Numa
conversa com apoiantes, Bolsonaro também chegou a colocar a segurança
da vacina da Pfizer em causa ao declarar que não se responsabilizava por
possíveis danos colaterais do imunizante."Lá
no contrato da Pfizer, está bem claro: nós [a Pfizer] não nos
responsabilizamos por qualquer efeito secundário. Se você virar um
jacaré, é problema seu", declarou Bolsonaro em dezembro de 2020.O Brasil registou 428.034 mortes e 15,3 milhões de casos de covid-19 desde o início da pandemia.