Petróleo vai continuar a dominar em 2040 mas cedendo terreno a outras energias
5 de nov. de 2019, 10:32
— Lusa/AO Online
Este é o panorama apresentado hoje em Viena no
relatório anual da Organização de Países Exportadores de Petróleo
(OPEP) "Previsões mundiais de Petróleo 2019" (WOO em inglês), que
atualiza a perspetiva de médio e longo prazo. Os
14 meses passados desde a publicação do anterior WOO, em setembro de
2018, foram "desafiantes para os mercados energéticos", indica o
documento."Apareceram sinais de stress na
economia mundial e as perspetivas de crescimento da economia mundial,
pelo menos no curto e médio prazo, foram revistas repetidamente em baixa
durante 2018", recorda. Um crescimento
demográfico mais lento e a melhoria da eficiência resultaram numa
desaceleração do consumo de energia, enquanto o desafio de reduzir as
emissões de CO2 perante a crise climática deram lugar a um amplo
conjunto de medidas contra os hidrocarbonetos. Em
consequência, a OPEP reduziu em 6% o cálculo sobre a evolução da
procura mundial de petróleo nos próximos 22 anos e agora prevê que esta
chegue aos 110,6 milhões de barris diários em 2040, contra 111,7 milhões
estimados em 2018. Contudo, a procura
continuará a crescer a "taxas relativamente saudáveis" a médio e longo
prazo, apesar do declínio que se espera nos países industrializados da
Organização para a Cooperação e desenvolvimento económico (OCDE) a
partir do próximo ano, com um recuo total de 10 milhões de barris
diários nas próximas duas décadas. Aquele
volume será amplamente superado pelo acréscimo da procura de petróleo
nos países em desenvolvimento, estimado em 21,4 milhões de barris por
dia para o período entre 2018 e 20140, liderados pela China e pela
Índia, ambos responsáveis por cerca de 50% deste aumento. "O
protecionismo e o populismo estão no auge, danificando o comércio
mundial, o elemento vital da prosperidade do mundo", adverte o
documento, numa alusão às tensões, sobretudo entre os Estados Unidos e a
China, desencadeadas pela imposição de tarifas às importações. Ao
risco que representam para a economia mundial a "persistência" daquelas
tensões, juntam-se os "desafios em várias economias em desenvolvimento,
as elevadas dívidas em diversas economias importantes, o 'Brexit' ou a
desaceleração do crescimento no Japão, entre outros. Além
destes fatores, tanto as sanções contra três importantes países
produtores de petróleo - as dos Estados Unidos e da União Europeia (UE)
contra a Rússia e a Venezuela, bem como as de Washington contra o Irão
"são elementos adicionais que têm impactos negativos na economia global e
no comércio mundial", alerta a OPEP.A
organização adverte para a necessidade de acompanhar de perto todos
estes elementos, já que apresentam um grande potencial de impactar na
evolução dos mercados energéticos. A estes
elementos juntam-se ainda as complexas e muito diversas políticas
destinadas a travar o aquecimento global e prova da incerteza que as
acompanha é para a OPEP o facto de enquanto cada vez que há mais países
que ratificam o Acordo de Paris, Washington, pelo contrário, afirmou que
o quer abandonar. "A intenção do Governo
dos Estados Unidos de se retirar do Acordo de Paris é considerado um
obstáculo importante; contudo, não é a única nação que apresentou
objeções" às políticas ambientais, refere o relatório. Segundo
a OPEP, espera-se que se os Estados Unidos se descomprometerem do
acordo, a UE desempenhe um papel de crescente importância para alcançar
os objetivos do tratado.