Petição quer enfermeiros como profissão de desgaste rápido e subsídio de risco
17 de jan. de 2020, 10:37
— Lusa/AO Online
No texto da petição,
os promotores defendem que também no dia a dia dos enfermeiros estão
presentes o stress e as condições de trabalho adversas, características
que são comuns a outras profissões já com subsídio de risco, como os
pilotos e controladores aéreos, mineiros, pescadores, polícias,
trabalhadores de ‘call-center’ e desportistas profissionais. “A
pressão de trabalhar em contexto de emergência, urgência, cuidados
intensivos, bloco operatório... onde a linha que separa a vida da morte
muitas vezes não existe e o stress torna-se brutal!”, lembram os autores
da petição, que sublinham igualmente a pressão sentida pelos
enfermeiros em contexto de cuidados primários, cuidados continuados e
internamentos hospitalares.Com a petição
‘online’ "Enfermeiros - Pela criação de um estatuto oficial de profissão
de desgaste rápido e atribuição de subsídio de risco", disponível desde
quinta-feira no ‘site’ peticaopublica.com, os promotores pretendem
levar o assunto a discussão na Assembleia da República para “conseguir
pressionar as entidades políticas”. Recordam
que os enfermeiros desenvolvem uma atividade “cujas condições de
trabalho são precárias e cuja remuneração pode e deve ser atualmente
considerada baixa, podendo induzir-se assim um forte desgaste
emocional”.“Somos uma profissão de grau de
complexidade 3, mas presentemente o ordenado mínimo já é superior a
metade do nosso vencimento mensal! Temos um horário de trabalho
preenchido, trabalhando sob a forma de turnos, diurnos e noturnos com
consequências além de emocionais, também elas físicas. Está comprovado
desde 2016 que um em cada cinco enfermeiros se sentem em exaustão
emocional”, frisam.Lembram ainda que os
enfermeiros trabalham por turnos, “muitas vezes de noite para dormir de
dia, sem padrão de sono regular”, que são poucos para o que é exigido,
que o absentismo “aumentou exponencialmente na profissão”, o que obriga,
muitas vezes, a “turnos consecutivos de 16 horas”. Os
autores da petição recordam ainda que “os enfermeiros são os
profissionais mais agredidos no setor da Saúde” e sublinham que 60,2% já
foram agredidos fisicamente e 95,6% verbalmente, no seu local de
trabalho, citando alguns estudos.
Pelas 8 horas de hoje (menos uma nos Açores), a petição já tinha sido assinada por 2.513 pessoas.