Petição pelo aumento do acréscimo ao salário mínimo nos Açores com 1.800 assinaturas
16 de abr. de 2025, 15:37
— Lusa/AO Online
“Acredito
que esta petição será a nossa petição com mais assinaturas e que vamos
conseguir defendê-la bem”, afirmou o coordenador do Sindicato das
Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comércio e Escritórios,
Hotelaria, Turismo e Transportes dos Açores (SITACEHTT), Vítor Silva,
numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.Nos
Açores, o salário mínimo nacional, atualmente fixado em 870 euros, tem
um acréscimo regional de 5%, atingindo os 913,5 euros.Se
o acréscimo sofresse uma alteração para 10%, como propõem os
signatários, o salário mínimo nos Açores seria de 957 euros, ainda assim
abaixo dos 1.000 euros que o sindicato reivindica como valor justo.Para
Vítor Silva, este aumento pretende “atenuar os custos da insularidade,
repor alguma justiça relativa nas remunerações dos trabalhadores
açorianos” e “contribuir para mitigar as situações de pobreza e exclusão
social” na região.“O aumento do custo de
vida faz com que o acréscimo de 5% não seja suficiente para assegurar
condições de vida dignas a quem trabalha nos Açores”, alegou.Segundo
o dirigente sindical, o rendimento médio nos Açores é “bastante
inferior” ao do continente, com a “esmagadora maioria dos trabalhadores”
a auferir entre 913 e 950 euros.“O
aumento das situações de pobreza entre os açorianos que, apesar de
trabalharem, efetivamente não recebem o suficiente para viverem
condignamente, demonstra a injustiça desta situação, que é prejudicial
para a coesão social do nosso país”, salientou.Vítor
Silva recordou que desde que a medida foi criada, em 2000, “não houve
qualquer alteração a este suplemento”, acrescentando que na Madeira o
salário mínimo já é superior ao dos Açores (915 euros).O
coordenador regional do SITACEHTT defendeu que há “condições para se
pagar melhor nos Açores”, alegando que “está a haver um crescimento
económico muito significativo”.“Quando se
fala que são as micro e pequenas empresas que estão em causa, não
corresponde à verdade. Em muitos casos, as micro e pequenas empresas
pagam mais do que as grandes empresas”, referiu.Vítor
Silva alertou ainda para a aproximação de outros escalões das tabelas
salariais do valor do salário mínimo, defendendo que seja acertada com
os parceiros sociais uma atualização de todos os níveis, aquando do
aumento do salário mínimo.“Muitas vezes,
quando o salário mínimo aumenta, os salários das restantes categorias
profissionais não têm qualquer aumento e isso faz com que haja, cada vez
mais, uma aproximação do salário mínimo a outros níveis da tabela
salarial”, explicou.O parlamento açoriano
já debateu, nos últimos anos, propostas de aumento do acréscimo ao
salário mínimo regional, que foram sempre rejeitadas.O
coordenador do SITACEHTT insiste, no entanto, na medida, alegando que
se não se conseguem aumentar os salários por via da contratação
coletiva, é preciso sensibilizar o poder político para “as dificuldades
com que os trabalhadores vivem”.“Quando
uma medida é justa, temos de a repetir as vezes que forem precisas”,
sublinhou, prometendo “não baixar os braços” se a petição não tiver os
resultados pretendidos.O sindicato já
tinha entregado uma petição com teor semelhante, com 1.600 assinaturas,
mas, em apenas dois meses, disse já ter conseguido superar esse número.Em
março, o SITACEHTT entregou outra petição na Assembleia Legislativa dos
Açores, com 2.659 assinaturas, a reivindicar a aplicação do horário
laboral de 35 horas semanais para todos os funcionários da região.“Chega
a uma altura, quando os trabalhadores se veem confrontados de uma tal
maneira, sem dinheiro para nada, que reagem. E muita gente começa a
perceber que se não fizer alguma coisa, ninguém vai fazer por eles”,
argumentou.