Pescadores dos Açores vão receber meio milhão de euros para abandonar atividade
13 de mar. de 2018, 17:42
— Lusa/AO Online
"A
intenção é dar dignidade a quem queira sair da atividade", justificou o
governante, durante a apresentação, ao Conselho Regional das Pescas,
reunido na cidade da Horta, do plano de reestruturação do setor das
pescas, prometido pelo Governo deste o início desta legislatura.De
acordo com o levantamento efetuado por um grupo de trabalho que integra
associações de pescas e parceiros independentes, a frota de pesca
açoriana é maioritariamente composta por barcos de pesca artesanal
(cerca de 550), 60% dos quais com menos de nove metros de comprimento e
com uma média de idade de 25 anos."Aquilo
que se pretende garantir com esta medida é, no fundo, um sistema que dê
dignidade àqueles que saem desta atividade, de embarcações com
comprimento inferior a 12 metros, e que é construído direcionando para
aquelas ilhas em que a área de pesca disponível por embarcação é mais
reduzida", acrescentou Vasco Cordeiro.Além
das medidas de "ajustamento da frota" que o executivo socialista
pretende criar, no âmbito desta reestruturação do setor das pescas, está
também previsto um regime de apoio à mobilidade dos pescadores, por ter
sido verificado o "excesso" de profissionais nalgumas ilhas e a "falta
de pescadores" noutras.O
presidente do Governo dos Açores defendeu, por outro lado, a
necessidade de ser criada uma "convenção coletiva de trabalho" que
regule as relações laborais na área das pescas nos Açores, já que muitos
profissionais do setor dispõem de contratos informais, que dependem da
quantidade de pescado capturado e do número de homens por embarcação."Nós,
quando falamos da sustentabilidade do setor das pescas, não podemos
falar apenas da sustentabilidade ambiental, não podemos falar apenas da
sustentabilidade económica, nós temos de falar também da
sustentabilidade social", realçou Vasco Cordeiro, acrescentando que é
preciso garantir uma melhor "defesa do rendimento e das condições de
trabalho".O
chefe do executivo açoriano realçou ainda a necessidade de serem criados
novos modelos de gestão dos recursos piscícolas, que passam pela
valorização do pescado, por um novo regulamento de lotas e pelo regime
jurídico da aquicultura, e também a importância de serem reforçados os
meios de fiscalização da atividade piscatória, através da
videovigilância.O
plano de reestruturação do setor das pescas será agora apreciado pelo
Conselho Regional das Pescas, um órgão consultivo do Governo, na busca
do "necessário consenso", para que as medidas propostas possam vir a ser
aprovadas.