Perdas de pescadores com áreas marinhas protegidas serão compensadas pela República
15 de out. de 2024, 09:15
— Ana Carvalho Melo
A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, anunciou que o Governo da República vai compensar os pescadores pelas
eventuais perdas com a criação da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos
Açores (RAMPA), através do Fundo Ambiental.Falando numa sessão
dedicada à apresentação do Sustentável 2030, que decorreu em Ponta
Delgada, a governante realçou que o Governo da República apoia a decisão
do Governo Regional para a constituição de novas áreas marinhas
protegidas, permitindo salvaguardar 30% do mar dos Açores e aumentar
significativamente a área protegida nacional. Nesse sentido, anunciou
também um apoio financeiro à decisão do Governo Regional para a criação
dessas novas áreas marinhas protegidas nos Açores.“Este é mais um
passo para o reforço da conservação da natureza e biodiversidade
marinha, contribuindo para uma utilização sustentável do nosso mar, em
linha com as metas europeias e internacionais. Iremos avançar com um
estudo para identificar as necessidades de compensação para os
pescadores, que serão cobertas pelo Fundo Ambiental, à semelhança do que
já aconteceu com a Área Marinha Protegida da Pedra do Valado, no
Algarve”, afirmou.Para o presidente do Governo Regional dos Açores,
José Manuel Bolieiro, este anúncio vem trazer “confiança aos pescadores e
armadores, e a todos os stakeholders da economia azul, de que a criação
das Áreas Marinhas Protegidas é uma vantagem de prestígio global para
os Açores e para Portugal”.E recordando que a proposta da RAMPA vai
ser discutida e votada esta semana na Assembleia Legislativa Regional
dos Açores, apelou aos partidos para que a iniciativa seja aprovada por
unanimidade.“A Assembleia Legislativa tem a responsabilidade, mesmo
que haja algum ajustamento de redação que é sempre bom no diálogo e na
concertação, de garantir a unanimidade desta votação”, afirmou.Ainda
na ocasião, Maria da Graça Carvalho referiu que os avisos do Fundo
Ambiental, que serão publicados esta semana para o apoio à aquisição de
veículos elétricos, no âmbito do pacote de Mobilidade Verde, se destinam
a todo o território nacional, incluindo a Região Autónoma dos Açores.Região com 321 ME do Sustentável 2030Os
Açores vão ter acesso, no âmbito do Programa para a Ação Climática e
Sustentabilidade – Sustentável 2030, a 321 milhões de euros para
projetos que visem a promoção da mobilidade sustentável, reabilitação e
modernização de infraestruturas.Deste valor total, 60 milhões de
euros destinam-se a infraestruturas aeroportuárias, permitindo
intervenções de ampliação e requalificação de infraestruturas para o
reforço da mobilidade, operacionalidade e segurança, bem como o reforço e
modernização dos equipamentos. Na Região, esta verba será aplicada em
intervenções Aerogare Civil das Lajes e nos aeródromos e aeroportos do
Pico, São Jorge, Flores e Corvo.Os restantes 261 milhões de euros
destinam-se a infraestruturas portuárias, com destaque para a
reconstrução do Porto das Lajes das Flores, no valor de 185 milhões de
euros. o restante desta verba permitirá ainda a melhoria das condições
de acessibilidade, operacionalidade e segurança dos portos, assim como a
reabilitação de infraestruturas e o reforço da sua resiliência às
alterações climáticas, além da expansão da capacidade
marítimo-portuária, favorecendo modos de transporte mais eficientes e
energeticamente mais sustentáveis. Além do porto das Flores, estão
também incluídas intervenções nos portos de Ponta Delgada, Praia da
Vitória e Horta.Numa sessão dedicada à apresentação do
Sustentável 2030, que decorreu em Ponta Delgada, a ministra do Ambiente e
Energia, Maria da Graça Carvalho, reiterou a importância e urgência da
obra de requalificação do porto das Flores.“É uma reconstrução que
as pessoas das Flores e de todos os Açores esperam há muito tempo.
Trata-se de um projeto do Fundo de Coesão, no valor de cerca de 185
milhões de euros, que não sai da quota dos Açores, é uma solidariedade
do Governo da República, não prejudica os outros projetos dos Açores”,
afirmou, explicando que o aviso está aberto até ao final do mês, e que a
intervenção terá de estar concluída até 2029, de acordo com os prazos
previstos no Sustentável 2030.Já José Manuel Bolieiro aproveitou a
ocasião para elogiar o executivo nacional, liderado pelo
social-democrata Luís Montenegro, afirmando que o “Estado está a cumprir
com a integralidade do território”.Avançou mesmo que os 45 milhões
de euros que foram anunciados que viriam para os Açores, com o objetivo
de cobrir os danos e prejuízos causados pelo furacão Lorenzo, ocorrido
em outubro de 2019, já “estão na conta da Região”.