Pequenas federações preocupadas em manter praticantes
Covid-19
22 de abr. de 2020, 12:41
— Lusa/AO Online
Com
realidades bem distintas em termos de recursos, mediatismo e capacidade
de resposta à paragem da atividade, várias das 70 federações nacionais
têm em comum a incerteza das consequências que este hiato competitivo
irá causar e como será desenhado o regresso a uma normalidade possível."Felizmente,
temos muitos atletas fidelizados à modalidade, mas é normal que possa
haver algumas desistências. Estávamos a ter um ritmo de crescimento
interessante, mas é certo que vamos ter de trabalhar para voltar a
cativar praticantes", disse António Amador, presidente da Federação
Portuguesa de Orientação (FPO), à agência Lusa.Com
cerca de 2.000 federados, a FPO parou toda a sua atividade, apesar de
ser praticada essencialmente na natureza e sem grandes aglomerados, e
viu adiado do Europeu de orientação em BTT, que estava agendado para
maio, em Loulé."Esse campeonato da Europa,
que, entretanto, também poderá ser Mundial, pela desistência da
República Checa de o organizar, já foi adiado para outubro, mas duvido
muito que o possamos fazer. É um clima de incerteza, e a saúde dos
atletas é a nossa maior preocupação", partilhou António Amador.Também
a Federação Portuguesa de Hóquei (FPH) iria acolher o Europeu de hóquei
em campo de sub-21, em Lousada, durante o mês de agosto, mas esta
organização foi cancelada."Não sabemos o
que vai acontecer. Se o futebol, com todo o seu poder, está num clima de
incerteza, imaginem as outras modalidades. Vamos fazer uma reunião com
os clubes e com o nosso médico, para podermos traçar um plano", explicou
o presidente da FPH, Armindo de Vasconcelos.O
dirigente desta modalidade olímpica disse esperar que possam ser
concluídas em breve as competições seniores, nas quais faltam disputar
duas jornadas, apesar da interrupção que levou a que os cerca de 600
praticantes estejam parados."Temos usado a
tecnologia para transmitir informações, fazer jogos, mostrar vídeos e,
sobretudo, para tentar que os mais jovens não desmotivem da modalidade,
porque acredito que os seniores vão continuar fidelizados", acrescentou.A
Internet também está a ser usada pela Federação Portuguesa de Esgrima
(FPE) para partilhar informações e estratégias de treino aos
esgrimistas, mantendo "um mínimo de atividade física"."Temos
desafiado para que publiquem e partilhem os seus treinos, não só para
manterem uma forma física mínima, mas também para que os atletas, apesar
de todas as limitações, possam continuar motivados", referiu o diretor
técnico nacional (DTN) da FPE, Miguel Machado.O
responsável reconheceu que este tempo de paragem vai implicar um
período de adaptação para o regresso, esperando minimizar a quebra na
evolução dos cerca de 900 esgrimistas nacionais."Temos
de evitar que haja um desinteresse pela modalidade. Os clubes estão a
fazer um grande esforço, usando todas as ferramentas para manter a
proximidade, a motivação e a coesão. Esse será um dos grandes desafios
quando pudermos voltar", explicou o DTN.No
caso da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), que
tutela a agora olímpica escalada, as atividades também estão todas
canceladas, mas o organismo acredita que um fim das atuais restrições
impostas pela pandemia poderá empolgar um regresso ainda mais forte."Temos
o privilégio de ser uma federação que acolhe as vertentes do desporto e
turismo, e acredito que, depois de tanto tempo fechadas em casa, as
pessoas quando puderam sair vão regressar ainda com mais vontade e vão
querer encontrar-se", frisou o presidente da FCMP, João Queiroz.Com
a declaração de pandemia, em 11 de março, inicialmente alguns eventos
desportivos foram disputados sem público, mas, depois, começaram a ser
cancelados, adiados – nomeadamente os Jogos Olímpicos Tóquio2020, o
Euro2020 e a Copa América – ou suspensos, nos casos dos campeonatos
nacionais e provas internacionais de todas as modalidades.