Pepe atribui longevidade no futebol à constante “busca da perfeição”
Web Summit
2 de dez. de 2020, 16:11
— Lusa/AO Online
Durante
a sessão "Liderando de trás" da Web Summit 2020, que decorre em formato
‘online', de hoje até sexta-feira, o defesa central do emblema ‘azul e
branco', com o qual renovou há um mês por mais duas épocas, até junho de
2023, e da seleção nacional realçou que sempre teve a vontade de
"melhorar" e de ultrapassar "todos os desafios" numa carreira
profissional que começou, a nível europeu, em 2001, no Marítimo."Fui
sempre curioso ao ponto de perguntar aos meus treinadores e aos meus
companheiros como poderia evoluir (...). Essa busca da perfeição
permite-me estar hoje com 37 anos e renovar com o FC Porto por mais dois
anos. Muito desse trabalho que fiz no início da carreira continuo a
fazer até hoje", disse.Para o defesa
luso-brasileiro, o futebol era "muito simples" quando jogava pelo
conjunto do Funchal, entre 2001 e 2004, e tornou-se mais exigente
durante a primeira passagem pelo FC Porto, entre 2004 e 2007, quer pelos
objetivos do novo clube, mas também pela introdução das tecnologias de
apoio à recuperação dos atletas. "Estávamos
naquela transição do que era a tecnologia, do que era recuperar rápido.
Vim para o FC Porto e o nível era alto. A minha dedicação ao futebol
tinha de ser a máxima. Procurei sempre saber o que poderia melhorar
depois de um jogo, até para saber como recuperar para o jogo seguinte",
realçou Pepe, que, nesse período, venceu duas edições da I Liga
portuguesa, uma Taça de Portugal e duas Supertaças. No
Real Madrid, emblema que representou entre 2007 e 2017 e no qual
conquistou a I Liga espanhola por três vezes, a Taça do Rei por duas e a
Liga dos Campeões por três (2013/14, 2015/16 e 2016/17), Pepe disse ter
encontrado um "outro mundo" a nível de exigência, onde não "podia
falhar" e onde adquiriu a rotina de banhos de água fria para recuperar o
corpo, tal como o colega de equipa Cristiano Ronaldo."Eu
e o Cristiano Ronaldo chegávamos às 02:00 e fazíamos água fria para
recuperarmos para o jogo seguinte. Tínhamos essa rotina. Hoje já não é
tanto a água fria, mas as máquinas de frio que ajudam à nossa
recuperação. Se antigamente o preparador físico era o mau da fita,
porque nos punha em corridas contínuas, hoje já é o maior aliado para
estarmos bem no jogo", salientou. Convicto
de que teve a "sorte" de trabalhar com "pessoas inovadoras" ao longo da
carreira, Pepe acrescentou que o futebol é hoje muito mais do que os 90
minutos do jogo, considerando "importante" o "trabalho de recuperação e
de prevenção no ginásio". O defesa
regressou ao FC Porto em janeiro de 2019, após passagem pelos turcos do
Besiktas, e tornou-se capitão de equipa, estatuto em que o "grande
desafio" é o de assegurar que os companheiros "comprem a ideia do que é o
clube e a mentalidade do treinador", formando um grupo "unido", com
"fome de ganhar""É difícil manter
motivados aqueles que ficam de fora (?). Tento passar aos meus
companheiros a importância de se trabalhar e de se ter rigor e paixão em
cada exercício que fazemos", disse o atleta que, na época passada,
conquistou a I Liga e a Taça de Portugal pelos ‘dragões'. O
defesa assumiu concordar com o estilo de liderança "muito duro" do
treinador ‘azul e branco', Sérgio Conceição, tendo frisado que as
videoconferências durante o confinamento provocado pela pandemia de
covid-19, nas quais todos os atletas davam opiniões sobre as partidas já
realizadas, ajudaram o plantel a "ter mais companheirismo" na fase
final, em que o FC Porto ultrapassou o Benfica no topo.Vencedor
do Europeu de 2016 e da Liga das Nações de 2019, Pepe disse ainda que
"custa digerir" a eliminação da próxima fase final da Liga das Nações,
mas lembrou que Portugal é hoje "uma seleção de referência", pronta para
tentar revalidar o título europeu em 2021, mesmo reconhecendo que "vai
ser muito difícil".A Web Summit,
considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, realiza-se
este ano totalmente 'online' com "um público estimado de 100 mil"
pessoas, depois de se ter começado a realizar em Lisboa, em 2016.