Pelo menos um terço das câmaras muda de presidente nas eleições autárquicas
2025
13 de dez. de 2024, 16:06
— Lusa/AO Online
Nas
autárquicas serão eleitos os presidentes, os vereadores e as
assembleias municipais dos 308 municípios portugueses e os membros das
3.091 assembleias de freguesia, de onde sairão os executivos das juntas.
As próximas eleições poderão realizar-se
sob um novo mapa administrativo, com mais de 300 novas juntas, tendo em
conta os pedidos de desagregação por freguesias agregadas pela
denominada “lei Relvas”, em 2012/2013, que decorre no parlamento.Cerca
de um terço das 308 câmaras municipais muda de presidente, já que uma
centena destes autarcas está impedida de se recandidatar ao mesmo
concelho em 2025, devido ao limite de eleição em três mandatos
consecutivos.Do total de presidentes em
final de mandato que se mantém até à data, 53 são socialistas, 28 do PSD
(sozinho ou coligado), 12 do PCP-PEV (de um total de 19 Câmaras desta
coligação), três do CDS-PP (de seis municípios geridos pelos
democratas-cristãos), um é o único presidente do Juntos Pelo Povo (JPP),
Filipe Sousa, autarca em Santa Cruz, na Madeira, e cinco são
independentes, entre os quais Rui Moreira, que está de saída da
presidência da Câmara do Porto.No final de
ciclo estão autarcas socialistas como Basílio Horta em Sintra (distrito
de Lisboa), Eduardo Vítor Rodrigues em Vila Nova de Gaia (Porto) e Rui
Santos em Vila Real. O PSD, que assumiu
como objetivo vencer na maioria das câmaras e juntas em 2025 e recuperar
a liderança das associações de municípios e de freguesias, terá de
substituir José Ribau Esteves, com três mandatos à frente de Aveiro,
Carlos Carreiras em Cascais (Lisboa), Ricardo Rio em Braga e Rogério
Bacalhau em Faro.A CDU (PCP-PEV) terá de
encontrar candidatos sucessores para os presidentes de Cuba (Beja),
Arraiolos (Évora), Évora, Sobral de Monte Agraço (Lisboa), Avis e
Monforte (Portalegre), Benavente (Santarém), Grândola, Palmela, Santiago
do Cacém e Alcácer do Sal (Setúbal) e Silves.O
CDS-PP, que sozinho tem atualmente seis executivos municipais, vai ter
de encontrar substitutos para três: António Loureiro e Santos, de
Albergaria-a-Velha, e José Pinheiro e Silva, de Vale de Cambra, ambos no
distrito de Aveiro, e Luís Silveira, presidente da Câmara de Velas, nos
Açores.Além de Rui Moreira, no Porto, há
outros quatro municípios que estão a ser dirigidos por movimentos
independentes e que terão de mudar de presidente: Teresa Cardoso, em
Anadia (Aveiro), António Anselmo, autarca em Borba (Évora), Décio Pereira, na Calheta (Açores), e o madeirense Ricardo Nascimento,
eleito pelo movimento Ribeira Brava em Primeiro (Madeira), embora com o
apoio do PSD.Pelo menos outros 30
presidentes impedidos de uma recandidatura foram deixando as autarquias
para assumir outros cargos, muitos deles aproveitando as eleições
legislativas de março deste ano e as europeias de junho para a saída, e
abrindo caminho à continuidade dos respetivos vice-presidentes.Quando
ainda há poucos candidatos assumidos, pelo menos dois antigos
presidentes de câmara já anunciaram que pretendem voltar a
candidatar-se.Uma delas é a ex-presidente
de Setúbal Maria das Dores Meira, eleita pela CDU em três mandatos
consecutivos (2009, 2013 e 2017), que pretende recandidatar-se como
independente.Também o antigo presidente da
Câmara de Estremoz (Évora) Luís Mourinha anunciou que vai voltar a ser
candidato à presidência pelo Movimento Independente por Estremoz
(MIETZ), depois de o seu último mandato ter sido interrompido em 2019,
quando foi condenado a perda de mandato pelo crime de prevaricação.Os
novos autarcas terão a pressão de enfrentar a reta final da execução
das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem como
data limite 2026, sobretudo na área da Habitação.Terão
também de negociar e depois trabalhar sob uma nova Lei de Finanças
Locais, desenvolver e consolidar o processo de descentralização e
executar projetos com fundos do PT2030.Nas
últimas autárquicas, em 26 de setembro de 2021, o PS foi a força mais
votada quer nas câmaras municipais, quer nas juntas de freguesia: há 148
concelhos liderados pelo PS (mais um em coligação Livre+PS), 72 pelo
PSD sozinho e 41 em coligação com o CDS-PP e outros partidos (além de
mais um do PSD com outros partidos, mas sem o CDS-PP), 19 da CDU, 19 de
movimentos independentes, seis do CDS-PP e uma do JPP.Os
socialistas obtiveram ainda 1.248 presidências de junta sozinhos (mais
35 em coligações) e o PPD/PSD obteve 757 (além de pelo menos outras 447
em diversas coligações).Desde as primeiras
eleições autárquicas democráticas, em 1976, há 24 municípios que nunca
mudaram de cor política: nove do PSD, outras nove do PS e seis da CDU.