Pelo menos dez demissões na Comissão Política Nacional do PAN
Legislativas
7 de fev. de 2022, 16:41
— Lusa/AO Online
Em comunicado, estes dirigentes demissionários
queixam-se de “total asfixia democrática interna” e justificam a saída
“com o chumbo da proposta para a realização de um congresso eletivo
extraordinário com vista à discussão e balanço das eleições legislativas
de 2022 e retificação dos estatutos, devolvendo a palavra ao órgão
máximo do partido em ambiente de discussão democrática interna e
panorama alargado”.A Comissão Política
Nacional do PAN é composta por 27 membros efetivos eleitos em congresso
e, com a alteração dos estatutos no último congresso do partido, em
junho, passou a incluir também um representante de cada Comissão
Política Distrital e de cada Estrutura Regional Autónoma (que gozam de
autonomia política, organizativa e financeira), bem como por um
representante da estrutura da juventude, cuja formação também foi
aprovada em congresso.No comunicado, os
dirigentes que abandonaram a Comissão Política Nacional referem que, com
a rejeição dos novos estatutos, ficam “de fora da direção nacional
metade dos seus dirigentes por inerência que foram nomeados por todas as
assembleias distritais e regionais do partido”. Estes dirigentes ficam
"sem direito a voto" nas reuniões daquele órgão.Alguns
dos dirigentes que abandonaram o órgão eram membros efetivos eleitos em
congresso e outros tinham assento por inerência. De acordo com Nelson
Silva, um dos demissionários, com o 'chumbo' dos novos estatutos os
representantes locais "perderam o poder de voto e a efetividade" no
órgão.Com a rejeição das alterações aos
estatutos, fica em vigor a versão anterior ao congresso e novas mudanças
terão de ser aprovadas em congresso.No
comunicado, os dirigentes do PAN apontam “falta de maturidade e lucidez
política nas análises dos resultados eleitorais pouco realistas que
sustentam as causas da dramática descida de votos, sobretudo em
externalidades”, acusam a Comissão Política Permanente (órgão mais
restrito) de “pouca disponibilidade” para debater “as opções que
contribuíram para a derrota, cerrando fileiras às opiniões divergentes” e
criticam que “apenas uma entropia pode justificar a resistência em não
querer reconhecer os próprios erros”. E
elencam aquilo que consideram ser os erros da direção: “uma mensagem de
posicionamento político difuso após eleições, uma estratégia de
comunicação e design falhadas e completamente contrárias às soluções
internas que tinham sido bem sucedidas no passado, a aposta num discurso
de campanha monotemático e repetitivo e o pouco espaço deixado para o
PAN continuar a ser disruptivo, mantendo, assim o eleitorado jovem que
acabou por fugir para outros quadrantes partidários”. Estas
saídas acontecem após a reunião da Comissão Política Nacional que
decorreu no sábado, para análise do resultado nas legislativas, nas
quais o PAN desceu de quatro deputados eleitos para um.Os
dirigentes demissionários criticam a opção saída da reunião de
auscultar as bases em relação à estratégia de futuro, considerando que
se trata de um “livre trânsito para auscultar de forma interrogatória as
assembleias de filiados”, e defendem que “não é suficientemente
democrática e politicamente consequente, pois apenas o congresso, órgão
máximo e soberano do partido, oferece condições para que da discussão se
retire todas as consequências políticas, inclusive sobre a continuidade
da liderança do partido”.E acusam a
direção, que “necessita de ser reavaliada”, de, ao fugir “ao escrutínio
em congresso”, não se pautar “por uma metodologia verdadeiramente
transparente nem democrática”.“Só o órgão
máximo do PAN tem o poder total para reerguer o partido e revalidar uma
direção e a sua porta-voz, após a maior derrota eleitoral de sempre.
Para os dirigentes demissionários, independentemente da ponderação
subjetiva de cada um dos fatores aqui elencados, sem um congresso, o
partido estará sempre numa fragilidade contínua, algo insustentável que
irá condenar o PAN a uma erosão que querem a todo o custo travar”,
apontam.