Pelo menos 140 feridos em protestos de trabalhadores têxteis no Bangladesh

23 de set. de 2013, 15:40 — Lusa/AO online

Os protestos continuaram hoje pelo terceiro dia consecutivo, com cerca de 100 fábricas encerradas e milhares de trabalhadores nas ruas de Dacca, na cidade de Gazipur e em Savar, o subúrbio industrial da capital, segundo o diário The Daily Star. Os maiores distúrbios ocorreram em Gazipur, onde os manifestantes atacaram um acampamento militar, do qual roubaram oito espingardas, danificaram 10 fábricas e 115 viaturas, de acordo com o jornal. Os trabalhadores bloquearam durante várias horas com barricadas autoestradas que ligam Dacca ao resto do país e as forças da ordem recorreram a gás lacrimogéneo e bastões para reabrir as estradas. Os empregados do setor têxtil pedem o aumento do salário mínimo mensal dos atuais 38 dólares (28 euros), o soldo mais baixo do setor em todo o mundo, para 102 dólares (75,5 euros). Mas a Associação de Produtores e Exportadores de Têxteis (BGMEA) propôs-se aumentar o salário mínimo para 46 dólares (34 euros) – uma oferta que os trabalhadores consideram insuficiente. “É inaceitável o salário mínimo que propõem”, disse à agência de notícias Efe o presidente da Federação Nacional de Trabalhadores Têxteis do Bangladesh, Amirul Haq Amin. Após o desabamento do edifício Raza Plaza em abril último, que causou 1.127 mortos, na pior tragédia industrial do país, o Governo e as multinacionais ocidentais tomaram medidas para melhorar a situação laboral dos trabalhadores. Em julho passado, o Parlamento nacional aprovou uma alteração à lei laboral que permite aos trabalhadores inscrever-se em sindicatos e a criação de um fundo de ajuda à qualidade de vida dos empregados. No mesmo mês, cerca de 70 marcas de roupa multinacionais assinaram um acordo para aumentar a supervisão e a segurança nas fábricas daquele ramo. Mas o aumento do salário mínimo com efeitos retroativos a 01 de maio, uma promessa do Governo após a tragédia de abril, continua por cumprir. “As negociações avançam lentamente. É uma negociação a três, entre o Governo, representantes de proprietários de fábricas e trabalhadores, pelo que os progressos são difíceis”, disse Amin. O setor têxtil experimentou um crescimento exponencial na última década no Bangladesh, representando atualmente 79 por cento das exportações do país (15.950 milhões de euros) e conta com 5.400 fábricas e mais de quatro milhões de trabalhadores.