Pedro Nuno Santos propõe revisão constitucional para extinguir representante da República
30 de nov. de 2023, 15:56
— Lusa
A
ideia de uma revisão constitucional para o “aperfeiçoamento” das
autonomias regionais, assim como a defesa da solução política da
“Geringonça”, quando em 2015 o PS formou um Governo minoritário com
suporte parlamentar do PCP, BE e PEV, constam da moção de estratégia da
candidatura de Pedro Nuno Santos ao cargo de secretário-geral do PS.Na
sua moção, intitulada “Portugal inteiro”, Pedro Nuno Santos entende que
deve ser desencadeado “um processo de revisão constitucional que visa,
justamente, a reforma e o aprofundamento da autonomia”.“Um
trabalho que, para além de ir ao encontro das justas pretensões das
autonomias insulares no que concerne, por exemplo, à extinção da figura
do Representante da República ou à visão sobre os domínios territoriais,
terá, necessariamente, como objetivo melhorar as respostas que o
Estado, nas suas diferentes dimensões, coloca à disposição dos
destinatários das políticas públicas”, lê-se na moção.O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação advoga também a revisão da lei de finanças das regiões autónomas.“As
duas regiões autónomas são distintas entre si e também neste domínio
particular o PS considera que a coesão social, territorial e económica
tem de ser garantida no escrupuloso respeito pelo princípio da igualdade
associado ao princípio da insularidade”, refere-se.No
plano político, Pedro Nuno Santos elogia o legado do ainda
secretário-geral do PS, António Costa, quando, em 2015, acabou com o
conceito de “arco da governabilidade” apenas aplicado aos socialistas e
PSD, alargando-o ao PCP, Bloco de Esquerda e PEV.Em
paralelo, procura traçar uma linha de demarcação face aos partidos à
direita do PS, que têm “uma visão apoiada num suposto conceito de
liberdade para justificar uma sociedade egoísta, assente num
entendimento enviesado de meritocracia”.Em
contraponto, na sua perspetiva, o PS, em 2015, “fazendo justiça ao
papel do parlamento no quadro constitucional português, liderou uma
alteração histórica na relação de forças políticas, formando um Governo
suportado pelos partidos à sua esquerda, que se tinham mantido fora do
arco da governação ao longo de quase 50 anos de democracia”.“Esta
alteração histórica não limitou a atuação do PS. Pelo contrário,
aumentou o seu espaço estratégico de intervenção e garantiu-lhe, sim, o
lugar de partido central no sistema político e na defesa da maior
construção coletiva da nossa democracia, o Estado Social. Este é um
legado do ciclo de liderança de António Costa que deve ser protegido”,
salienta-se na moção do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação.