Pedro Nuno Santos demitiu-se do cargo de Ministro das Infraestruturas e da Habitação
TAP
29 de dez. de 2022, 06:57
— Lusa/AO Online
Em comunicado divulgado pelo
gabinete do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno
Santos explicou que “face à perceção pública e ao sentimento coletivo
gerados em torno” do caso da TAP, decidiu “assumir a responsabilidade
política e apresentar a sua demissão”, já aceite pelo primeiro-ministro
António Costa.O ministro das Finanças,
Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do
Tesouro, menos de um mês depois de Alexandra Reis ter tomado posse e
após quatro dias de polémica com a indemnização de 500 mil euros da TAP,
tutelada por Pedro Nuno Santos.“No
seguimento das explicações dadas pela TAP, que levaram o ministro das
Infraestruturas e da Habitação e o ministro das Finanças a enviar o
processo à consideração da CMVM [Comissão do Mercado de Valores
Mobiliários] e da IGF [Inspeção-Geral de Finanças], o secretário de
Estado das Infraestruturas [Hugo Santos Mendes] entendeu, face às
circunstâncias, apresentar a sua demissão”, esclareceu ainda o
Ministério das Infraestruturas e da Habitação na nota de imprensa.Sobre
a saída de Alexandra Reis da TAP, o Ministério das Infraestruturas e da
Habitação destacou no comunicado que na sequência da saída do acionista
privado Humberto Pedrosa, a CEO da TAP solicitou a autorização ao
ministério “para proceder à substituição da administradora indicada pelo
acionista privado por manifesta incompatibilização, irreconciliável”,
pedido que foi autorizado pelo ministério, “para preservar o bom
funcionamento”.Assim, em janeiro de 2022, a
TAP iniciou este processo de rescisão e, como resultado desse processo,
a companhia aérea “informou o secretário de Estado das Infraestruturas
de que os advogados tinham chegado a um acordo que acautelava os
interesses da TAP”.“O secretário de Estado
das Infraestruturas, dentro da respetiva delegação de competências, não
viu incompatibilidades entre o mandato inicial dado ao Conselho de
Administração da TAP e a solução encontrada”, refere o ministério na
nota de imprensa.“Todo o processo foi
acompanhado pelos serviços jurídicos da TAP e por uma sociedade de
advogados externa à empresa, contratada para prestar assessoria nestes
processos, não tendo sido remetida qualquer informação sobre a
existência de dúvidas jurídicas em torno do acordo que estava a ser
celebrado, nem de outras alternativas possíveis ao pagamento da
indemnização que estava em causa”, adiantou ainda.A
indemnização a Alexandra Reis foi criticada por toda a oposição e
questionada até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,
ao dizer que “há quem pense” que seria “bonito” a secretária de Estado
prescindir da verba.No sábado, o Correio
da Manhã noticiou que Alexandra Reis recebeu uma indemnização de meio
milhão de euros por sair antecipadamente, em fevereiro, do cargo de
administradora executiva da transportadora aérea, quando ainda tinha de
cumprir funções durante dois anos. Em junho, foi nomeada pelo Governo
para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) e no final do
ano escolhida para secretária de Estado do Tesouro.Depois
de pedidos de esclarecimento à TAP, dos ministros das Finanças e das
Infraestruturas, e de o próprio primeiro-ministro, António Costa, ter
admitido que desconhecia os antecedentes de Alexandra Reis, a demissão
foi anunciada na terça-feira à noite pelo gabinete de Fernando Medina.