Pedidos de indemnização por abusos na Igreja Católica sobem para 93
Hoje 12:26
— Lusa/AO Online
“Neste momento,
o Grupo VITA já recebeu 93 pedidos de compensação financeira, os
últimos chegaram a semana passada. São pessoas que estamos agora a
agendar, para as respetivas entrevistas, sendo que há duas pessoas que
residem fora de Portugal”, declarou aos jornalistas Rute Agulhas, em
Fátima, à margem do congresso internacional “Da Reflexão à Ação: O Papel
da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência Sexual”, com 300
participantes.O Grupo VITA, criado pela
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para acompanhar as situações de
abuso sexual na Igreja Católica, apresenta-se como uma estrutura
autónoma e independente, que visa acolher, escutar, acompanhar e
prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos
vulneráveis no contexto da Igreja Católica.“Estamos
a tentar conciliar agendas e aguardar que as pessoas possam vir até
nós. E, portanto, há entrevistas marcadas para dezembro, até perto do
Natal, há entrevistas marcadas também já para janeiro”, adiantou.Sobre
o calendário para este trabalho, Rute Agulhas esclareceu que o assumido
recentemente pela CEP era de que no início de 2026 este processo
estivesse concluído.No entanto, os
processos que estão a chegar agora, que têm entrevistas para perto do
Natal ou até para o início de janeiro, “naturalmente não estarão prontos
no início de janeiro”, ressalvou, pois é preciso analisar o processo e
dar parecer.A 13 de novembro último, a
CEP anunciou que, até àquele dia, tinham sido apresentados 89 pedidos de
compensação financeira na sequência de abusos na Igreja Católica, tendo
78 sido considerados efetivos. A
coordenadora do Grupo VITA observou que “efetivados não significa que
vão, necessariamente, receber uma compensação”, mas que “passaram uma
primeira fase de avaliação que outros processos não passaram, por
exemplo, por envolverem situações de abuso fora da Igreja ou por
envolverem situações de abuso não sexual”.“Portanto,
estes 93 estão ainda em análise, estão ainda em estudo, em algumas
destas situações estamos ainda a aguardar informação por parte da
própria Igreja”, adiantou.Neste âmbito,
referiu que há também situações que “aconteceram alegadamente por padres
portugueses, mas fora de Portugal”, e estes casos obrigam a “articular
com outras dioceses e arquidioceses, não só de Portugal, [como] outras
conferências episcopais”.A coordenadora do Grupo VITA salientou que “isso demora o seu tempo”, nomeadamente quando se trata de países africanos.Questionada
sobre o prazo de conclusão do processo, Rute Agulhas respondeu que,
“claramente, este não é um processo para se arrastar pelo ano de 2026”.“Aquilo
que está previsto é que até ao final do ano, então início de 2026,
possam ser tomadas essas decisões e que a Conferência Episcopal
Portuguesa possa avançar para o passo seguinte da atribuição das
compensações”, acrescentou.A responsável
disse que não foi pedida ao Grupo VITA uma sugestão de montante
financeiro para as indemnizações, mas sim “uma análise um pouco
transnacional”, para perceber “o que é que aconteceu nos demais países”.Cruzando
essa informação com a jurisprudência nacional, Rute Agulhas acredita
que se chegue a valores para a compensação financeira.“Eu
não diria [valores] justos, porque justo, justo, nunca é. Não há valor
nenhum que possa compensar o dano vivido, mas, de alguma forma, haver
aqui algum tipo de compensação moral, ética, e é esse o objetivo”,
acrescentou.