Pedido de novas medidas de coação de Manuel Serrão adiado para dia 20
Operação Maestro
8 de nov. de 2024, 12:11
— Lusa/AO Online
Pedro Marinho Falcão revelou que
todas as defesas “juntaram novos elementos e documentos”, pelo que o
juiz de instrução do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) deu
tempo ao MP para analisar e se pronunciar, passando a diligência para dia 20.Manuel
Serrão esteve no passado dia 30 de outubro a prestar declarações
“perante o juiz de instrução e esclareceu o que tinha de esclarecer”,
num interrogatório que durou cerca de duas horas no Campus da Justiça,
em Lisboa. O empresário foi constituído
arguido em maio na Operação Maestro por suspeitas de fraude na obtenção
de fundos europeus e está atualmente sujeito apenas a Termo de
Identidade e Residência (TIR), a medida de coação menos gravosa e que
decorre da constituição de Manuel Serrão como arguido.O
Ministério Público (MP) considera o empresário portuense e vogal da
Associação Seletiva Moda “o principal mentor” de um alegado esquema na
obtenção de subsídios comunitários e que levou a Polícia Judiciária a
realizar, em 19 de março, 78 buscas no âmbito da Operação Maestro, na
qual são também suspeitos o jornalista Júlio Magalhães, António Sousa
Cardoso, que liderou a Associação de Jovens Empresários, e António
Branco Silva.A investigação sustenta que,
pelo menos desde 2015, Manuel Serrão, António Branco Silva e António
Sousa Cardoso, “conhecedores das regras de procedimentos que presidem à
candidatura, atribuição, execução e pagamento de verbas atribuídas no
âmbito de operações cofinanciadas por fundos europeus, decidiram captar,
em proveito próprio e das empresas por si geridas, os subsídios
atribuídos à Associação Seletiva Moda e às sociedades No Less e House of
Project – Business Consulting”.“No âmbito
dessas operações cofinanciadas, através, designadamente, da
apresentação e utilização como documentos de despesa aos projetos
submetidos, com vista ao respetivo reembolso, faturas suspeitas de se
tratar de negócios simulados, sem correspondência a serviços prestados
nos projetos, ou, ainda faturas com valores sobrefaturados”, frisa o MP,
num despacho judicial a que a Lusa teve anteriormente acesso.Segundo
a investigação, as entidades beneficiárias controladas pelos suspeitos,
“através da montagem de justificações contratuais, designadamente
referentes a prestações de serviços e fornecimento de bens ou serviços”,
obtiveram a aprovação e pagamento de incentivos no valor global de,
pelo menos, 38.938.631,46 euros, através de 14 projetos, cofinanciados
pelo FEDER.O MP sustenta que os três
suspeitos “obtiveram o comprometimento de pessoas da sua confiança, do
seio do seu círculo de amizades”, como o jornalista Júlio Magalhães,
“mas também do mundo empresarial, e em particular da área do setor
têxtil, casos de Paulo Vaz, João Oliveira da Costa e Mário Genésio”.Em
julho foram novamente feitas cerca de duas dezenas de buscas das
autoridades no Grande Porto e em Lisboa no âmbito da Operação Maestro.
No processo investigam-se suspeitas dos crimes de fraude na obtenção de
subsídio, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais,
associação criminosa e abuso de poder.Uma
auditoria realizada aos projetos abrangidos pela Operação Maestro, cujas
conclusões foram reveladas em julho, identificou apropriação indevida
de fundos europeus e foi enviada ao Ministério Público e ao ministro da
Economia para instauração de eventuais processos disciplinares.