Pedido de isenção de Segurança Social para empresários gera discórdia
Açores/Mau Tempo
18 de dez. de 2019, 09:58
— Lusa/AO Online
A proposta apresentada pela bancada
social-democrata no parlamento açoriano marcou as audições da Comissão
de Economia, que aconteceram, no âmbito do acompanhamento da
recuperação dos danos causados pelo furacão Lorenzo, que passou pelo
arquipélago dos Açores no começo de outubro.Segundo
Bruno Belo, deputado do PSD à Assembleia Legislativa Regional eleito
pelo círculo das Flores, o Governo Regional e o Governo da República
“teimam em não considerar a necessidade imperiosa da aplicação da medida
da suspensão temporária da Segurança Social para os trabalhadores
independentes e para os empresários das Flores e do Corvo”.“Temos
o caso de Pedrógão [Grande], que foi aplicado de imediato, e temos o
caso de 2016, que, devido a um constrangimento do mercado, se isentou,
parcialmente, os produtores de leite cru e os produtores de suínos no
continente, nos Açores e na Madeira”, apontou o parlamentar.Ouvida
esta tarde em sede de comissão, a secretária regional dos Transportes e
Obras Públicas, Ana Cunha, lembrou que o assunto é “uma competência do
Estado” e defendeu que, enquanto não se souber “qual é a exata medida do
prejuízo, a criação desse regime pode dar origem a desigualdade em
relação a outras pessoas”.Durante a manhã
foram ouvidos os três presidentes de câmara do grupo ocidental, tendo o
autarca das Lajes das Flores, Luís Maciel, alertado para a necessidade
de um estudo do impacto da passagem do furacão nos vários setores da
economia.Questionado por Bruno Belo sobre
se está a ser feita alguma avaliação nesse sentido, o presidente do
município que sofreu o maior prejuízo admitiu não ter “conhecimento de
que estejam a ser feitos estudos de avaliação”. Ana
Cunha esclareceu, durante a tarde, que, “desde o primeiro momento, tem
havido um acompanhamento permanente de um grupo constituído pela Direção
Regional dos Transportes, pelo Fundo Regional de Coesão e pela Direção
Regional de Apoio ao Investimento e Competitividade, da evolução do
comportamento dos impactos deste modelo de transporte temporário e
necessário, em função da destruição do porto, na economia, nomeadamente
junto dos comerciantes”.A responsável pela
tutela dos Transportes e Obras Públicas acrescentou que “a situação
está sendo acompanhada, o levantamento está a ser feito, em permanente
colaboração, também dos presidentes de câmara de qualquer uma das duas
ilhas”.“Coisa distinta é o impacto e os
danos causados pelo furacão diretamente nos comerciantes e na economia
das Flores, para cuja situação o Governo Regional dos Açores previu uma
série de medidas, começando pela habitação, agricultura e comércio”,
prosseguiu a governante.O deputado Bruno
Belo considera os esforços insuficientes: “Eu não posso aceitar que se
tenha levado 12 dias a fazer um levantamento de 330 milhões de euros, em
toda a região, da destruição feita nas infraestruturas portuárias e de
apoio portuário e, em 76 dias, não haja um levantamento daquilo que são
as consequências económicas para as ilhas das Flores e do Corvo”.