Pedido de adesão à ONU deverá ser apresentado hoje

Palestina

23 de set. de 2011, 08:31 — Cristina Pires

Abbas, que discursa hoje na Assembleia-Geral da ONU, pretende que o pedido seja analisado pelo Conselho de Segurança, onde os palestinianos disseram na terça-feira terem já garantidos sete votos favoráveis entre os seus 15 membros. Para ser aprovada a proposta necessita de uma maioria de nove votos e de não ter qualquer veto dos membros permanentes do Conselho – Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China –, que têm esse direito. Mas os Estados Unidos reafirmaram quarta-feira a sua posição contrária à iniciativa palestiniana, com o presidente Barack Obama a defender no plenário da ONU que uma "paz genuína" entre israelitas e palestinianos só é possível através de negociações. “Aceitamos voltar às negociações no momento em que Israel aceite parar a colonização e com as linhas de 1967” como base de discussão, respondeu Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Abbas. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que saudou o discurso de Obama, considerou que “os palestinianos querem um Estado, mas ainda não estão preparados para a paz com Israel". Segundo Nabil Shaath, conselheiro de Abbas, tem havido “pressões” sobre os nove membros do Conselho de Segurança que reconhecem a Palestina: Rússia, China, Índia, Líbano, África do Sul, Brasil, Bósnia-Herzegovina, Gabão e Nigéria. Para Washington seria preferível que o pedido de adesão não conseguisse os votos favoráveis necessários, para não ter que arriscar com o veto as suas relações com o mundo árabe. Portugal, outro dos membros do Conselho de Segurança, ainda não divulgou a sua posição, defendendo uma posição comum da União Europeia e a importância das negociações entre as duas partes. A proposta francesa do Estado da Palestina ficar para já como observador da ONU e de se reiniciarem negociações diretas entre as partes, que no prazo de um ano teriam de resultar num acordo definitivo, também não demoveu os palestinianos. Nabil Shaath disse que se o pedido de reconhecimento como membro da ONU ao Conselho de Segurança falhar, a Autoridade Palestiniana irá pedir o estatuto de Estado observador na Assembleia-Geral. Neste caso, bastará à Palestina uma maioria qualificada, numa altura em que é reconhecida por cerca de 130 dos 193 Estados membros das Nações Unidas. O estatuto de Estado observador, como tem o Vaticano, permitiria à Palestina tornar-se membro de organizações das Nações Unidas como a UNESCO (para a Educação, Ciência e Cultura), a FAO (para a Agricultura e a Alimentação) ou o Tribunal Penal Internacional.