Pediatras defendem mais informação científica sobre vacinação de crianças saudáveis
Covid-19
4 de ago. de 2021, 17:58
— Lusa/AO Online
Numa posição conjunta hoje divulgada, a Sociedade Portuguesa de
Pediatria (SPP), a Sociedade de Infecciologia Pediátrica (SIP) e outras
entidades ligadas à saúde da criança e do adolescente referem que “a
prioridade atual” é assegurar a vacinação completa de pessoas com 16 ou
mais anos, “de forma a atingir elevadas coberturas o mais rapidamente
possível”.
Estas entidades estiveram representadas num grupo de trabalho que
avaliou a informação científica atual para ajudar na tomada de decisões
sobre vacinação de adolescentes dos 12 aos 15 anos.
Em comunicado publicado no site da SPP, os especialistas referem que a
gravidade da doença causada pelo coronavírus SARS-Cov-2, que provoca a
doença Covid-19, depende muito da idade.
“Há forte evidência (informação científica) de que o risco de covid-19
grave (hospitalização e morte) é muito baixo em crianças e adolescentes
saudáveis. Consequentemente, a análise do benefício/risco da vacinação
deste grupo etário exige uma avaliação muito cuidadosa”, salientam,
considerando que a prioridade atual é assegurar a vacinação completa de
pessoas com 16 anos e que os adolescentes com 12 ou mais anos com
comorbilidades associadas a risco acrescido para covid-19 grave devem
ser priorizados para vacinação, uma posição que vai ao encontro da
decisão tomada pela Direção-Geral da Saúde.
Relativamente à vacinação universal de crianças saudáveis, os
especialistas consideram “prudente obter toda a evidência (informação)
científica possível antes da decisão final”.
“A avaliação continuada e mantida da evidência (informação) vinda de
países onde a vacinação deste grupo etário já está a decorrer, permitirá
que os superiores interesses das crianças e adolescentes possam ser
atingidos sem atrasos e com a máxima confiança”, defendem no comunicado
assinado pela presidente da Sociedade de Infecciologia Pediátrica e
Coordenadora da Comissão de Vacinas da SIP-SPP, Fernanda Rodrigues, e
por José Gonçalo Marques, membro da Comissão Técnica de Vacinação e da
Sociedade de Infecciologia Pediátrica da SPP.
A DGS recomendou na sexta-feira a administração de vacinas contra a
covid-19 em crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades.
Segundo a norma que define as doenças prioritárias para vacinação
entre os 12-15 anos, devem ser vacinadas prioritariamente contra a
covid-19 as crianças que tenham cancro ativo, diabetes, obesidade,
insuficiência renal crónica.
A norma estabelece também como doenças prioritárias para vacinação a
transplantação, a imunossupressão, as doenças neurológicas, que englobam
a paralisia cerebral e distrofias musculares, as perturbações do
desenvolvimento, como a Trissomia 21 e perturbações do desenvolvimento
intelectual grave e profundo.
A doença pulmonar crónica, doença respiratória crónica, como asma
grave, e fibrose quística também estão entre as prioritárias.
Para a DGS, deve ser dada a possibilidade de vacinação a todas as
crianças desta faixa etária por indicação médica e segundo a
disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso
universal para quando houver dados disponíveis adicionais sobre a
vacinação nestas idades.