Pediatra Jorge Amil pede às autoridades que reapreciem vacinação das crianças
Covid-19
26 de jan. de 2022, 14:48
— Lusa/AO Online
“Num pico de infeções com esta
dimensão poderá ser prudente reavaliar-se o prosseguir com a vacinação,
se para além de eficaz, se será seguro, e não fica nada mal fazer esta
reavaliação continuada", disse à agência Lusa Jorge Amil, pediatra e
presidente do Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos.
Jorge Amil, é um dos 27 subscritores de uma carta aberta dirigida às
autoridades de saúde, em que pedem a “suspensão cautelar” da vacinação
contra a SARS-CoV-2 em crianças e jovens, “até que se comprove a sua
necessidade, benefício e segurança”. “É
esse alerta e esse pedido de reapreciação da decisão à luz dos dados
disponíveis que o grupo de médicos entendeu vir publicamente fazer um
apelo às autoridades de saúde”, explicou Jorge Amil.
Na carta aberta, signatários, entre os quais pediatras,
cardiologista, internistas, infeciologistas, ressalvam que o apelo para
suspender a vacinação diz respeito “à situação das crianças saudáveis e
não se pretende qualquer extrapolação para adultos ou crianças com
comorbilidades que acarretem risco acrescido de Covid-19”.
Jorge Amil afirmou que as autoridades de saúde ouviram em determinada
altura “quem acharam que deviam ouvir” para formular uma recomendação
do programa de vacinação de crianças, mas considerou ser necessário
fazer “uma reflexão permanente em relação às decisões que se tomam,
porque a ciência nunca foi imutável e menos ainda agora numa situação de
grande evolução”. Questionado sobre as
razões deste apelo quando está a terminar a campanha da vacinação das
crianças, explicou que a vacinação em curso “não tem o poder” de impedir
a disseminação da doença pela nova variante, exemplificando que nas
populações escolares “a difusão tem sido enorme”.
“O que se viu é que a vacina não impediu este enormíssimo número de
testes positivos, embora o número de doentes por covid seja claramente
diferente dos números globais de testes”, salientou.
Por isso, defendeu, “se os objetivos que tinham sido propostos e
prometidos para fazer a vacinação, não estiverem a ser atingidos, talvez
faça sentido rever novamente a segurança da vacinação, a eficácia da
vacinação e reequacionar a decisão”.
Para os signatários da carta, “o mais preocupante” é a vacinação das
crianças dos 5 aos 11 anos estar a decorrer em pleno pico pandémico,
circunstâncias que não foram testadas nos ensaios clínicos de vacinas.“A
vacinação de crianças previamente infetadas por SARS-CoV-2, ou a sua
infeção depois de vacinadas, num curto intervalo temporal, pode vir a
traduzir-se num aumento da incidência de casos de miocardites, efeitos
deletérios no sistema imunitário ou outras reações adversas, riscos
potencialmente graves e eventualmente letais”, alertam.Sublinham
ainda que já foram notificadas ao Infarmed mais de uma centena de
possíveis reações adversas graves, incluindo colapsos,
miocardites/pericardites e morte, em crianças e jovens, pedindo uma
investigação a estes casos ocorridos em Portugal depois de iniciadas as
campanhas de vacinação nestes grupos etários.