PE pede aos líderes europeus que usem “todos os instrumentos possíveis”
Covid-19
23 de abr. de 2020, 15:13
— Lusa/AO Online
Depois
de ter participado no arranque da cimeira por videoconferência
consagrada ao plano de recuperação pós-pandemia, David Sassoli afirmou
em conferência de imprensa, realizada também por vídeo a partir de
Bruxelas, que manifestou na ocasião “as profundas preocupações do PE”.“Num
passado recente, foi possível assistir aos efeitos devastadores da
crise nas economias e na vida dos cidadãos em toda a Europa e é por isso
que estamos extremamente preocupados, porque podemos voltar a entrar
nessa espiral”, referiu o presidente do PE aos jornalistas.Para
evitar este cenário, David Sassoli apelou aos chefes de Governo e de
Estado da UE que recorram a “todos os instrumentos possíveis e
disponíveis”, incluindo os designados ‘recovery bonds’ defendidos pelo
PE, isto é, títulos de dívida emitidos pela Comissão Europeia e
garantidos pelo orçamento comunitário.“Vamos
precisar de um plano para reconstruir a nossa economia, para salvar o
nosso património e, ao mesmo tempo, para garantir a criação de postos de
trabalho e o crescimento económico possível”, salientou o líder da
assembleia europeia.Numa alusão às
divergências entre os países, que podem levar a cimeira de hoje ao
‘fracasso’, David Sassoli destacou: “Ninguém consegue fazer isto
[recuperar] sozinho”.Observando que os
instrumentos europeu já aprovados “vão na direção certa”, o presidente
do PE exortou os líderes europeus a “fazerem tudo o que puderem para ser
possível superar esta crise”, nomeadamente equacionando a emissão de
dívida e o reforço do quadro financeiro plurianual 2021-2027, visando um
“verdadeiro plano Marshall”.David Sassoli apontou ainda a necessidade de avançar “o mais rapidamente possível”.Os
líderes da União Europeia iniciaram hoje à tarde uma cimeira por
videoconferência consagrada ao plano de recuperação para superar a crise
provocada pela covid-19, mas assumidamente sem expectativas de acordar
desde já os detalhes e montante do mesmo.A
anterior cimeira, celebrada há já quase um mês (26 de março), ficou
marcada por fortes desavenças sobre como a Europa deve responder à
crise, e ao cabo de muitas horas de discussões acesas os líderes
limitaram-se a mandatar o Eurogrupo a apresentar no prazo de duas
semanas propostas concretas, tendo em resposta os ministros das Finanças
acordado na semana passada um pacote de emergência num montante global
de 500 mil milhões de euros, mas deixando o grande plano de reconstrução
ainda em aberto.Os líderes europeus
deverão adotar hoje esse pacote de emergência, constituído por três
“redes de segurança”: uma linha de crédito do Mecanismo Europeu de
Estabilidade, através da quais os Estados-membros podem requerer até 2%
do respetivo PIB para despesas direta ou indiretamente relacionadas com
cuidados de saúde, tratamentos e prevenção da covid-19, um fundo de
garantia pan-europeu do Banco Europeu de Investimento para empresas em
dificuldades, e o programa «Sure» para salvaguardar postos de trabalho
através de esquemas de desemprego temporário.No
entanto, relativamente ao fundo de recuperação, que poderá ascender aos
1,5 biliões de euros, o Eurogrupo ‘passou a bola’ de novo aos chefes de
Estado e de Governo, que, por seu turno, deverão então solicitar à
Comissão que apresente uma proposta concreta sobre os seus moldes e
envergadura.