Autor: AO Online/ Lusa
Pedro Leite Pereira, terceiro na única lista do partido nestas legislativas, concorrente a São Miguel, falou à Lusa no primeiro dia da campanha, durante o qual o PCTP/MRPP não tem nenhuma ação prevista.
O candidato destacou que o PCTP/MRPP defende, pelo menos desde 2016, alterações ao estatuto autonómico açoriano, entre as quais a eliminação da figura do representante da República, considerando que não tem sentido que muitas entidades do Estado nos Açores se mantenham sob a tutela do Governo central.
“Sob tutela do Governo da República só devem estar as questões relacionadas com a Defesa do país, portanto o Exército, a Marinha e a Força Aérea, a moeda – aliás, o partido sempre defendeu uma moeda nacional e esteve contra esta questão do euro, que foi um drama para muitas famílias e para muitas pessoas e para a economia portuguesa – e as relações internacionais, a diplomacia. Fora isso, o resto são competências do Governo Regional, não são competências do Governo da República”, considerou.
Leite Pereira referiu ainda que as alterações das “competências na governação” deveriam levar à “extinção” do atual modelo do conselho de ilha, que deve passar a deter alguns poderes delegados pelo Governo Regional para “defender os interesses peculiares dessa ilha”.
O PCTP/MRPP lamenta que a precariedade e o desemprego estejam a conduzir à diminuição da população açoriana, sublinhando que “seis das nove ilhas estão num processo de desertificação”, continuando “a ser muito significativa” uma emigração para o Canadá e para os Estados Unidos da América (EUA).
Pedro Leite Pereira lamentou ainda que a pesca açoriana tenha sido liquidada, sobretudo no contexto em que Portugal tem uma extensa Zona Económica Exclusiva (ZEE).
“A ZEE deve ser exclusiva para os barcos matriculados nos açores e pescadores açorianos e mais ninguém. Portanto, o mar está a saque, que é uma coisa gravíssima”, disse.
No seu entender, caso os EUA abandonem as Lajes, a base aérea deve ser “municiada com meios eficazes”, com “a Marinha ao serviço da defesa deste imenso território”.
O partido manifestou-se também contra a “corrupção generalizada”, criticando o Governo Regional socialista, que considerou ter “uma política de concentração nalguns grupos familiares ou não familiares, mas grupos económicos e económico-financeiros mais poderosos”, além de “ter toda a comunicação social por sua ordem”.
As legislativas dos Açores decorrem em 25 de outubro, com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP. Estão inscritos para votar 228.572 eleitores.
No arquipélago, onde o PS governa há 24 anos, existe um círculo por cada uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos não aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.