PCTP/MRPP alerta para situação “catastrófica” da perda de autonomia
Açores/Eleições
9 de out. de 2020, 10:21
— Lusa/AO Online
“Hoje
assistimos a uma situação verdadeiramente caricata e catastrófica que é
de uma perda ao longo dos últimos 40 anos, de cada vez que se falou
mais de autonomia, de cada vez se usou a bandeira da autonomia, cada vez
mais a região se tornou dependente de tudo e de todos”, afirmou Leite
Pacheco, em entrevista à agência Lusa.O
PCTP/MRPP concorre às próximas eleições regionais para a Assembleia
Legislativa, agendadas para 25 de outubro, pelo círculo de São Miguel,
com José Afonso Lourdes como cabeça de lista.Pedro
Leite Pacheco, de 70 anos, natural de São Miguel, é o terceiro da lista
do partido. É professor reformado e militante do PCTP/MRPP desde 1976 e
foi várias vezes cabeça de lista pela maior ilha dos Açores nas
legislativas regionais.O candidato refere
que a região não tem autonomia para “praticamente nada”, nem “sequer
laboral”, dando o exemplo da Zona Económica Exclusiva dos Açores.“É
dito que é Zona Económica Exclusiva, mas entre as 100 e as 200 milhas é
exclusiva menos para nós. É dito que é exclusiva para nós, mas nós é
que somos os excluídos de usá-la”, afirmou.Segundo
disse, apesar de na região existir uma “mudança enorme” que deveria ser
um “fator de grande progresso”, assiste-se, contudo, a uma
“precariedade crescente” em que os trabalhadores “estão sujeitos a
redobrados trabalhos”.“Assistimos a uma
mudança enorme no rosto da paisagem de todo o arquipélago. Aparentemente
isso seria um fator de grande progresso, de maior bem-estar, mas depois
assistimos ao contrário. Há uma precariedade crescente”, declarou.Considerando
que o capital atualmente é “internacional” e que este não existe sem a
“alienação e exploração”, Leite Pacheco defendeu a “revolução” como
“alternativa” ao sistema capitalista que “esfola tudo e todos” e que é
“por natureza corrupto”.O candidato
salientou que o MRPP defende um hospital em cada ilha dos Açores (apenas
São Miguel, Terceira e Faial são dotadas de hospital), não só porque o
“transporte de grávidas para outra ilha é muito caro”, mas também como
forma de fixar a população.“É um fator de
grande importância para a salvaguarda da saúde e do bem-estar das
populações e para permitir que as ilhas não sejam desertificadas”,
disse, referindo-se à criação de um hospital em cada ilha dos Açores.O
PCTP/MRPP defende a criação de um conselho político de ilha, que deve
ser eleito por “sufrágio direto, universal e secreto” e ter a capacidade
de “impor ao Governo Regional o rumo futuro da ilha e da respetiva
população”, lê-se no programa político do partido.“O
Conselho de Ilha é que permite que as ilhas se possam defender desta
verdadeira máquina de triturar que é o Governo Regional. O Governo
Regional tal como é concebido neste modelo de autonomia, que é de uma
dependência crescente”, disse Leite Pacheco.Atualmente,
os Conselhos de Ilha funcionam como órgão consultivo do Governo dos
Açores, sendo compostos pelos autarcas locais, representantes das
empresas e dos setores da ilha.Pedro Leite
Pacheco disse ser necessário o “controlo operário nas fábricas”,
assegurando que os funcionários tenham acesso a toda a informação
relativa à empresa.“Qualquer operário,
qualquer trabalhador, em qualquer setor de trabalho, devia ter acesso a
toda a informação que quisesse. Isso vinha rebentar com muita coisa e
permitir que efetivamente a exploração assalariada desperecesse”,
apontou.Nas últimas eleições regionais de
2016, de um total de 13 forças politicas, o PCTP/MRPP ficou em 10.º
lugar, com 0,32% (302 votos).Nas eleições
regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por cada ilha,
mais um círculo regional de compensação que reúne os votos que não foram
aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.Nas
anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos
votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra
30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do
CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.