PCP vai continuar "intervenção" na defesa dos trabalhadores e da região
Açores/Eleições
9 de nov. de 2020, 15:24
— Lusa/AO Online
“Sem ilusões sobre o que representaria a
governação do PS, agravada ainda pela ausência de representação
parlamentar do PCP, a formação de um governo que associa numa frente
política reacionária não só a direita, mas também a extrema-direita, é
particularmente preocupante”, declarou o coordenador regional do
PCP/Açores, Marco Varela.O dirigente
falava numa conferência de imprensa, em Ponta Delgada, São Miguel, onde
apresentou as conclusões de uma reunião da DORAA que analisou, entre
outras questões, os resultados das eleições regionais de 25 de outubro e
a situação política que decorre do novo quadro parlamentar regional."O
anúncio feito pelo representante da República da decisão de indigitar o
presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, para presidente do
Governo dos Açores, suportado na verificação de uma maioria parlamentar
reunindo PSD, Chega, CDS-PP, PPM e Iniciativa Liberal, representa um
facto inquietante quanto ao futuro da vida política regional, e em
particular no que diz respeito aos direitos, interesses e aspirações dos
trabalhadores açorianos", vincou Marco Varela.Para
o PCP/Açores, "o surgimento deste novo quadro político institucional
não é separável da governação do PS, da ausência de resposta aos
problemas regionais e da arrogância no exercício do poder nestes 24
anos". O PCP, que perdeu representação
parlamentar nas eleições regionais, sustenta que os resultados da CDU
(coligação com o PEV), "apesar de avanços significativos no círculo do
Faial, constituem o fator mais negativo destas eleições"."Trata-se
de um resultado particularmente negativo na vida política regional e de
um significativo empobrecimento democrático. Representa, sobretudo, uma
fragilização da intervenção em defesa dos interesses dos trabalhadores e
do povo açoriano, como se provou no mandato de 2004 a 2008, com a
ausência da CDU na Assembleia Legislativa Regional", sustentou o
coordenador regional.O PCP garantiu que os
comunistas continuarão a agir na defesa dos direitos e interesses dos
trabalhadores, “na afirmação dos interesses da região e da autonomia, na
luta por melhores salários e pensões, pelo direito ao trabalho e a
funções sociais, pela afirmação e valorização da produção regional", até
porque “a intervenção política não se esgota na atuação parlamentar”.Para
os comunistas açorianos, o atual contexto mostra a “urgência crescente
das 10 medidas expressas no programa eleitoral da CDU” e estas eleições
regionais "ficam marcadas pelo surgimento de forças sem percurso ou
contribuição real na vida política e social da região".Essas
forças, "sem proposta ou projeto para os Açores, encontraram, na
demagogia e na exploração de um ambiente de descrença generalizada com a
falta de resposta aos seus problemas, espaço para recolha de votos que
se revelarão inconsequentes", entende o partido. A
DORAA criticou, a partir das declarações dos partidos, as intenções
deste novo bloco de direita, como "a perspetiva de liberalizar o
transporte inter-ilhas, diminuir o número de beneficiários do Rendimento
de Social de Inserção, racionalizar os recursos humanos na
administração pública ou a dita reestruturação do Setor Público
Empresarial Regional, que visa na realidade o seu desmantelamento".