PCP suspeita de abuso de posição dominante da fábrica de leite da Terceira
10 de abr. de 2019, 14:40
— Lusa/AO Online
“Tem
de haver agora, do ponto de vista das autoridades, seja a nível
nacional, seja a nível comunitário, uma averiguação, um inquérito”,
adiantou hoje o eurodeputado do PCP Miguel Viegas, numa conferência de
imprensa, em Angra do Heroísmo, em que fez o balanço de uma visita à
ilha Terceira.Em causa estão os preços
praticados pela única fábrica de leite da ilha Terceira e a imposição de
penalizações de quatro cêntimos por litro quando a produção excede os
valores contratualizados.Segundo Miguel
Viegas, em janeiro de 2019, o preço médio do litro de leite pago ao
produtor na Europa foi 35 cêntimos, no continente português 30 cêntimos,
na ilha de São Miguel, nos Açores, 29 cêntimos, mas na ilha Terceira
ficou-se pelos 24 cêntimos.“Isto tem a ver
com a existência de um monopólio industrial, que neste momento, de
acordo com a nossa avaliação, está nitidamente a praticar um abuso de
posição dominante”, frisou.Os dirigentes
do PCP vão, por isso, fazer um “apelo” às autoridades da concorrência
para que averiguem se a indústria está a fazer “um abuso da sua posição
de monopólio”.“Se há partes que foram
lesadas, essas partes têm de ser ressarcidas, se houve uma prática
abusiva, há multas que estão previstas na lei da concorrência e é a esse
nível que nos parece que seja necessário atuar com carácter urgente”,
salientou o eurodeputado comunista, lembrando que ainda esta semana o
Conselho Europeu aprovou uma diretiva que condena práticas abusivas.Para
Miguel Viegas, é “inadmissível” a imposição de penalizações quando a
produção é excedida na ilha Terceira, porque ao contrário do que
acontece no continente, os produtores não têm outras fábricas a quem
vender o excesso de leite.“É um completo
contrassenso, é um absurdo económico, que não tem qualquer explicação
plausível e é absolutamente intolerável”, criticou.O
eurodeputado salientou que vários estudos comprovam que em qualquer
parte do mundo os custos de produção de leite “nunca são inferiores a 30
cêntimos” por litro, alegando que é evidente que os produtores têm de
aumentar o volume de produção, quando o preço baixa, para diluir
encargos fixos em resultado dos investimentos que fizeram.“Se
eles não podem produzir, não podem rentabilizar o investimento que
fizeram, fecham as portas. E depois o que é que temos? Uma ilha sem
produção? O que é que a indústria vai fazer se não tiver os produtores
de leite?”, questionou.