PCP propõe unidade de missão para ajudar na revisão do regime das custas judiciais
20 de fev. de 2023, 12:18
— Lusa/AO Online
Na exposição de
motivos do diploma, o PCP recorda que o acesso à justiça está previsto
na Constituição, mas considera que “a insuficiência de meios económicos
afasta a maioria dos cidadãos do recurso aos tribunais para a defesa dos
seus direitos e interesses legalmente protegidos”.“Esta
situação é inaceitável e tem de ser alterada. O PCP considera essencial
baixar significativamente o valor das custas judiciais e alargar os
critérios para a sua isenção”, defende-se no diploma.No
entanto, o PCP considera que “não basta à Assembleia da República
recomendar ao Governo que faça aquilo que também é sua responsabilidade
fazer”. “A revisão do regime das custas
judiciais, pela sua complexidade e implicações, deve contar com a
reflexão dos operadores judiciários e com a contribuição de juristas com
conhecimentos aprofundados sobre a matéria em causa, tendo nomeadamente
em conta a importância social de garantir o acesso aos tribunais e o
impacto das medidas a tomar no sistema de Justiça”, consideram os
deputados comunistas.Por isso, justificam,
o PCP entende que “a decisão legislativa a tomar pela Assembleia da
República deve ser precedida de um estudo aturado a levar a cabo por uma
unidade de missão especialmente criada para o efeito”.Esta
unidade de missão funcionaria junto da Assembleia da República e teria
como missão fazer uma reflexão sobre o tema e, “se o entender,
apresentar propostas legislativas”, devendo num prazo de seis meses
entregar um relatório ao presidente do parlamento com “as alterações ao
regime legal das custas judiciais que a unidade de missão considere
necessárias”. “Esse relatório deve ser
disponibilizado aos deputados e ao Governo e deve ser objeto de debate
na Assembleia da República. Naturalmente que compete aos deputados, aos
grupos parlamentares e ao Governo apresentar as iniciativas legislativas
que considerem pertinentes. O que se espera da unidade de missão é que
possa dar uma contribuição qualificada para eventuais iniciativas que
venham a ser apresentadas”, justificam.De
acordo com o diploma, a unidade de missão seria presidida pelo
presidente da Comissão parlamentar competente em matéria de Justiça (a
de Assuntos Constitucionais) e integraria um representante indicado por
cada um dos seis grupos parlamentares da Assembleia da República.Do
setor da Justiça, fariam parte deste organismo um elemento designado
pelo Ministério da Justiça, um pelo Conselho Superior da Magistratura,
um pelo Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, um
pelo Conselho Superior do Ministério Público, um designado pela Ordem
dos Advogados, um designado pelo Centro de Estudos Judiciários e um
professor de Direito cooptado pelos restantes membros.