PCP diz que veto sobre professores exige ao Governo que cumpra o que foi aprovado no Orçamento
27 de dez. de 2018, 08:47
— Lusa/AO Online
“O veto do
Presidente da República confronta o Governo com a exigência de dar
cumprimento ao que dispõe o Orçamento do Estado, quer o de 2018, quer o
de 2019”, defendeu o deputado António Filipe, em declarações à agência
Lusa.Para o
deputado comunista, “o princípio consagrado” quer no Orçamento do ano
passado, quer no que entrará em vigor em 01 de janeiro “é o
reconhecimento integral do tempo de serviço e a exigência que o Governo
negoceie com os sindicatos o tempo e o modo para dar cumprimento a esse
princípio”.“O
Governo terá de voltar à mesa das negociações, como aliás ocorrerá
também com outras carreiras especiais da administração pública, às quais
se aplica o mesmo princípio”, defendeu.Questionado se este veto não deixa os professores, neste momento, sem qualquer reposição, o deputado do PCP rejeitou esta visão.“Um
diploma que não reconhecia a totalidade do tempo de serviço foi vetado
porque há um Orçamento do Estado que tem de ser cumprido. O que resulta
deste veto é a exigência que o Governo dê cumprimento a uma lei da
República que é o Orçamento do Estado”, afirmou, defendendo que “é uma
exigência a que o Governo não se pode furtar”.O
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje o diploma
do Governo que prevê a recuperação parcial do tempo de serviço dos
professores por entender que a norma incluída pelos partidos no
Orçamento do Estado para 2019 obriga a que o diploma “seja objeto de
processo negocial”.“Assim
sendo, e porque anteriores passos negociais foram dados antes da
aludida entrada em vigor, remeto, sem promulgação, nos termos do artigo
136.º, n.º 4 da Constituição, o diploma do Governo que mitiga os efeitos
do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente, para
que seja dado efetivo cumprimento ao disposto no citado artigo 17.º, a
partir do próximo dia 01 de janeiro de 2019”, acrescenta Marcelo Rebelo
de Sousa. No
Orçamento do Estado para 2019, PSD, CDS-PP, BE, PCP e Os Verdes
entenderam-se para aprovar – com o voto contra do PS - um artigo que
força o Governo a retomar as negociações, mas não para incluir no
documento as propostas de BE e PCP que estipulavam uma calendarização
para a recuperação integral do tempo de serviço dos professores. O
artigo 17.º do Orçamento do Estado refere-se ao tempo de serviço nas
carreiras, cargos ou categorias integrados em corpos especiais.“A
expressão remuneratória do tempo de serviço nas carreiras, cargos ou
categorias integrados em corpos especiais, em que a progressão e mudança
de posição remuneratória dependam do decurso de determinado período de
prestação de serviço legalmente estabelecido para o efeito, é objeto de
negociação sindical, com vista a definir o prazo e o modo para a sua
concretização, tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com
os recursos disponíveis”, lê-se no texto aprovado pela Assembleia da
República e já promulgado pelo chefe de Estado.O
Governo aprovou em 20 de dezembro, em Conselho de Ministros, o
decreto-lei que prevê a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias
de tempo congelado aos professores (em vez dos mais de nove anos
exigidos por esta classe profissional).A
aprovação do decreto-lei aconteceu dois dias após a última reunião
negocial entre as dez estruturas sindicais de professores e
representantes dos ministérios da Educação e das Finanças, que terminou
sem acordo.