PCP diz que indigitar Passos será perder tempo porque há outra solução duradoura
O secretário-geral do PCP considerou hoje que a indigitação de Passos Coelho será "uma perda de tempo", sublinhando que existe uma maioria de deputados que permite uma outra solução, "tanto mais duradoura conforme defender os interesses nacionais".

Autor: Lusa/AO Online

"Há uma maioria de deputados que constitui condição bastante para a formação de um Governo de iniciativa do PS, que permite a apresentação do programa [de Governo], a sua entrada em funções e a adoção de uma política com uma solução duradoura, tanto mais duradoura conforme defender os interesses nacionais e corresponda aos anseios dos trabalhadores e do povo português", afirmou o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, numa declaração aos jornalistas à saída de uma audiência com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Sem responder a perguntas, alegando não querer "dizer nem mais, nem menos" do que foi transmitido ao chefe de Estado, Jerónimo de Sousa vincou que com a "derrota" da maioria PSD/CDS-PP "há uma nova realidade na Assembleia da República" e por que sociais-democratas e democratas-cristãos "não reúnem condições para que Passos Coelho possa ser indigitado como primeiro-ministro".

"Afirmámos claramente [ao Presidente da República] que isso a acontecer será uma manifesta perda de tempo, na medida em que PSD e CDS não têm condições no plano da relação de forças existente na Assembleia da República de fazer passar o seu programa", referiu, reiterando que caso seja nomeado um Governo de maioria PSD/CDS-PP o PCP apresentará uma moção de rejeição ao seu programa.

"Há uma outra solução governativa", insistiu, ladeado pelo líder parlamentar João Oliveira e pelo dirigente comunista Jorge Cordeiro.

O PCP foi o quarto partido a ser ouvido pelo Presidente da República, depois das audições do PSD, PS, BE e CDS-PP, na quarta-feira à tarde.

Esta manhã, o chefe de Estado ainda irá receber o partido ecologista Os Verdes e o PAN - Pessoas-Animais-Natureza.

A Constituição da República prevê que o primeiro-ministro é "nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".

Nas eleições de 04 de outubro, a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) perdeu a maioria absoluta e obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP). O PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.