PCP anuncia abstenção na votação na generalidade da proposta do Governo
OE2020
8 de jan. de 2020, 13:26
— Lusa/AO Online
Este anúncio segue-se a uma série de reuniões
realizadas nas últimas semanas entre a direção e bancada do PCP e o
Governo, a última das quais na terça-feira à tarde, no parlamento.Com
este sentido de voto da bancada comunista, a proposta do Governo de
Orçamento do Estado para 2020 será aprovada na generalidade caso o PEV e
o PAN, tal como o PCP, também decidam abster-se. Neste
cenário de abstenções do PCP, PEV e PAN, o máximo possível de votos
contra a proposta de Orçamento passa a ser de 106 contra os 108
deputados a favor do PS."O voto de
abstenção que o PCP adotará na votação na generalidade é assumido como
uma forma de não fechar as possibilidades de avançar no sentido da
defesa, reposição e conquista de direitos e de resposta aos problemas
estruturais com que o país está confrontado, ainda que partindo de um
Orçamento cuja proposta na sua formulação atual está distante das
necessidades do país", acentuou João Oliveira na conferência de
imprensa.João Oliveira deixou depois um recado ao Governo e ao PS em relação à votação final global da proposta de Orçamento."A
apreciação definitiva sobre o que de concreto resultar de avanços na
fase de especialidade, e o quadro político mais geral em que o Orçamento
do Estado será discutido determinarão o sentido de voto final global
que o PCP assumirá", disse, tendo ao seu lado os deputados Paula Santos,
António Filipe e Duarte Alves.Na sua
declaração inicial em que justificou a abstenção, o presidente do Grupo
Parlamentar do PCP salientou que a opção agora tomada em relação à fase
de generalidade "nada determina na votação final global do documento",
apesar de identificar alguns avanços por parte do executivo."Não
se ignora a possibilidade admitida pelo Governo de concretizar alguns
passos de sentido positivo", designadamente medidas "de aumento das
pensões, ou passos para a gratuitidade das creches, de redução dos
custos da energia e de aumento de prestações sociais como o abono de
família ou o subsídio de desemprego", além do "reforço do Serviço
Nacional de Saúde e do Laboratório Nacional do Medicamento, entre
outras", apontou João Oliveira.No entanto,
segundo os comunistas, "ainda assim, fica-se muito longe das opções que
se impõem para responder os problemas estruturais com que o país está
confrontado".Na fase de discussão na
especialidade do Orçamento, a bancada comunista vai bater-se pela
contratação de "milhares de trabalhadores" para os serviços públicos,
"estabelecendo objetivos que se concretizem já a partir de 2020; pelo
direito a creches gratuitas; pelo aumento da progressividade do IRS e
avanço do englobamento obrigatório para os rendimentos mais elevados; e
pela redução dos custos da energia, incluindo a descida do IVA na
energia elétrica e gás".O PCP reivindicará
ainda um "aumento substancial do investimento público" no Serviço
Nacional de Saúde, educação, cultura, justiça, segurança, transportes e
habitação; melhoria do subsídio de desemprego e universalização do abono
de família: mais apoio a setores produtivos; eliminação das portagens e
alargamento da rede de transportes públicos; fim das Parcerias
Público-Privadas; e aumento do apoios às artes com a concretização "do
objetivo de 1% para a cultura".