PCP afirma-se oposição sem hesitações e avisa que Governo não terá a vida facilitada
25 de Abril
7 de abr. de 2024, 22:39
— Lusa /AO Online
Paulo Raimundo discursava no encerramento de uma sessão do PCP sobre o 25 de Abril, na Academia Almadense, em Almada, no distrito de Setúbal, em que apelou à mobilização popular para celebrar o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos e sustentou que "é no caminho de Abril" que estão as respostas aos problemas do país."O novo Governo PSD/CDS, com os seus 17 ministros, os seus 41 secretários de Estado e toda a bateria de apoiantes bem posicionados em vários pontos relevantes da vida nacional, por mais que seja a sua tentativa de enganar o povo com esta ou aquela entrada a pezinhos de lã, com esta ou aquela medida avulsa, não vai ter a vida facilitada", declarou.Em seguida, Paulo Raimundo defendeu a iniciativa do PCP de apresentar no parlamento uma moção de rejeição ao Programa do Governo: "Nós não precisamos de mais apresentações, o que conhecemos desde já confirma a justeza da nossa moção".Segundo o secretário-geral do PCP, será certamente um programa "de passos atrás, de retrocessos, marcadamente contrarrevolucionário", com "opções da política de direita reacionária, do seu compromisso com os grandes grupos económicos"."Sabemos bem o que dali virá. Não temos a memória curta e o povo e os trabalhadores saberão dar firme resposta a todos os ataques de que sejam alvo e tomarão nas suas mãos o seu destino e a exigência das respostas concretas aos seus problemas", acrescentou.Paulo Raimundo manifestou-se espantado por haver "quem tenha aparente expectativa do que deste Governo possa vir"."Da nossa parte, estamos aqui determinados, convictos e não temos nenhuma dúvida e não alimentamos nenhuma ilusão. Nós somos a oposição ao Governo e à sua política e projeto reacionário, e assim somos sem hesitação e desde o primeiro minuto", afirmou.Paulo Raimundo não se referiu ao PS, mas o dirigente do Secretariado do Comité Central do PCP Francisco Lopes, que discursou antes, criticou não só o atual posicionamento do maior partido da oposição como o anterior Governo chefiado por António Costa.Segundo Francisco Lopes, "há quem diga que se iniciou um novo ciclo", mas "não é assim, porque verdadeiramente a política em curso com o Governo PSD/CDS, da AD atual, envolvido pela maioria de direita completada com o Chega e a Iniciativa Liberal, e contando com um prometida afago da convergência do PS, é a continuação e aprofundamento da política de direita e antinacional ao serviço do grande capital que o Governo PS desenvolveu nomeadamente nestes anos de maioria absoluta".No seu entender, porém, "não se pode subestimar os objetivos daqueles que, aproveitando a correlação de forças institucional existente, querem dar novos passos significativos no processo contrarrevolucionário".Por outro lado, o antigo candidato presidencial criticou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa por ter afirmado que com os 50 anos do 25 de Abril se fecha um ciclo de meio século da História portuguesa e se abre outro.Para Francisco Lopes, são "afirmações que deturpam a realidade" e que "têm um propósito claramente desmobilizador", porque "pretendem dar Abril por definitivamente derrotado, remeter para a História o que representa, removendo-o do tempo presente e futuro".No início da sua intervenção, o secretário-geral do PCP manifestou-se contra "a reescrita da História" e alegou que "há um brutal investimento contra Abril", para "esconder e branquear a natureza terrorista do regime fascista e enaltecer quem conspirou e age contra a Revolução" e tentar "apagar o papel ímpar do PCP na resistência à ditadura fascista"."Dizem à boca cheia que Abril é de todos. Abril é de facto para todos, mas não é de todos, e não é seguramente de todos aqueles que o negam e que lhes dão todos os dias combate", considerou.Paulo Raimundo apontou "a integração de Portugal na CEE, esse que já era um objetivo do fascismo, tal como o tinha sido o da fundação da NATO", como uma vitória da "política de direita" que permitiu "novos passos de retrocesso e de processo e de andamento contrarrevolucionário".E sustentou que a Constituição aprovada após o 25 de Abril, "mesmo tão atacada e mutilada" continua a ser "o elemento-chave para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo".