PCP acusa Governo de não agir perante “agravamento das condições de vida”
Estado da Nação
18 de jul. de 2022, 09:25
— Lusa/AO Online
“A
situação nacional no nosso país está marcada pelo agravamento das
condições de vida dos trabalhadores e do povo, pela perda de poder de
compra. A taxa de inflação continua a aumentar de forma galopante, (…)
os preços de bens essenciais continuam a subir, os salários e as pensões
dão para cada vez menos”, afirmou Paula Santos em declarações à agência
Lusa no âmbito do debate sobre o Estado da Nação, que decorre esta
quarta-feira na Assembleia da República.Perante
essa “erosão” dos rendimentos, a líder parlamentar do PCP defendeu que
são necessárias “medidas firmes”, seja “pela valorização dos salários e
das pensões” ou através de “uma intervenção no controlo e fixação de
preços”, designadamente no que se refere aos “bens alimentares,
combustíveis, eletricidade e gás”. “O
Governo tem sistematicamente recusado estas propostas. Por isso, aquilo
que caracteriza estes primeiros dias de ação por parte do Governo é, por
um lado, a recusa da resolução dos problemas que afetam os
trabalhadores e o nosso povo e, por outro lado, uma opção política que
vai ao encontro daquilo que são os interesses dos grupos económicos”,
considerou. Para Paula Santos, “é
incompreensível, é inaceitável que, no momento em que os lucros dos
grupos económicos – em particular da Galp, da EDP, da grande
distribuição – continuam a aumentar, os trabalhadores e o povo tenham
cada vez menos”.“Esta é uma realidade que
não pode ser aceite e é uma realidade que exige, por parte do Governo,
de facto essa intervenção, aspeto que (…) tem tido a recusa por parte do
Governo do PS, o que os responsabiliza diretamente por este agravamento
das condições de vida”, considerou.A
líder parlamentar do PCP criticou ainda a gestão dos "serviços públicos,
e em particular do Serviço Nacional de Saúde”, reiterando
reivindicações de longa data do PCP, como a “implementação do regime de
dedicação exclusiva” ou o “alargamento de incentivos para a fixação de
profissionais de saúde em zonas carenciadas”.Fazendo
um balanço dos primeiros 100 dias de Governo - assinalados a 08 de
julho -, a líder parlamentar do PCP sublinhou que, com a maioria
absoluta conquistada pelo PS, surgiu uma “circunstância diferente” em
comparação com o período da ‘geringonça’, em que, apesar da resistência
dos socialistas, havia um “contexto e uma correlação de forças” que
permitiam “avanços num conjunto de medidas”. “O
PS tem uma maioria absoluta e está-se a ver, como alertámos desde o
início, que isso seria um elemento que iria introduzir menos espaço.
Aliás, essa maioria absoluta iria significar que a concretização das
soluções que são necessárias iria ficar mais longe, como se está a
verificar neste momento”, referiu. Perspetivando
as prioridades legislativas do PCP quando o parlamento retomar a
atividade, em setembro, Paula Santos frisou que “as questões sobre
rendimentos, salários, pensões” vão merecer particular atenção por parte
dos deputados comunistas. A líder
parlamentar do PCP referiu ainda que “as questões dos serviços públicos”
e do “controlo público de setores estratégicos” da economia portuguesa
vão também ser uma prioridade para o PCP, considerando que são “aspetos
essenciais” para o desenvolvimento nacional.