PCP/Açores quer informações "sem meias palavras" sobre reestruturação da SATA
9 de jun. de 2022, 12:06
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, o PCP/Açores considera que “a tão badalada e agora
anunciada e aprovada reestruturação da SATA pela Comissão Europeia,
pouco de bom traz à Região”.“Pelo
contrário, foi encetado um caminho perigoso, que ameaça seriamente o
legítimo direito à mobilidade dos açorianos e as suas perspetivas de
progresso económico”, alerta o partido.O
PCP defende que "deve ser explicado a todos os açorianos o que realmente
representa a privatização da SATA em 51%, e quais serão as suas
consequências concretas".O partido acusa o Governo Regional PSD/CDS-PP/PPM de conduzir este processo com "falta de transparência"."O
que se exige é que seja dado efetivo conhecimento dos conteúdos da
reestruturação agora aprovada, sem meias palavras e informações a conta
gotas", defende o PCP/Açores. A Comissão
Europeia aprovou na terça-feira uma ajuda estatal portuguesa para apoio à
reestruturação da companhia aérea açoriana SATA, de 453,25 milhões de
euros em empréstimos e garantias estatais.A
injeção financeira implica o desinvestimento de uma participação de
controlo (51%) na Azores Airlines (empresa do grupo responsável pelas
ligações do arquipélago ao exterior).Prevê-se,
ainda, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma
reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma
‘holding’ que substitui a SATA Air Açores (empresa responsável pelas
ligações interilhas) no controlo das suas operações subsidiárias,
revelou a Comissão Europeia.Estão ainda
previstas a obrigação de a SATA ter um limite máximo na sua frota até ao
final do plano de reestruturação e a proibição de, também até esse
prazo, fazer qualquer aquisição de aviões."Se
não houvesse, de facto, uma enorme diferença entre deter 49% ou 51% do
capital social da SATA, a União Europeia não teria apresentado esta
exigência. A entrada de capital privado em posição dominante fará com
que a procura de lucro imediato do investidor, e não mais o interesse da
Região, fale mais alto e determine os destinos da companhia", refere o
PCP.Para o PCP, os açorianos "têm o
direito de saber o que irá acontecer em termos operacionais",
nomeadamente em termos das ligações interilhas e com o exterior da
região."A gestão danosa dos sucessivos
governos regionais, tantas vezes imposta contra a opinião dos próprios
trabalhadores da companhia e dos agentes económicos da Região, fez com
que o grupo SATA chegasse a uma situação económica insustentável",
aponta o partido. As dificuldades
financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura em que a
companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores
começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de
covid-19, que teve um enorme impacto no setor da aviação.