PCP/Açores preocupado com exploração por privados da conserveira Santa Catarina

2 de dez. de 2021, 16:33 — LUSA/AO Online

"A Santa Catarina é uma empresa de fundamental importância para o setor produtivo e para o desenvolvimento económico e social da Concelho da Calheta, bem como para a ilha de São Jorge e para a Região no seu conjunto. Esta decisão pode abrir portas a um futuro incerto para a manutenção desta fábrica, trazendo insegurança aos seus trabalhadores, clientes e fornecedores", lê-se numa nota enviada às redações.A 28 de outubro, o presidente do Governo dos Açores anunciou que a Fábrica de Santa Catarina, ligada à captura/transformação do atum e alvo de intervenção pública, vai passar a ser explorada por um privado, salientando que os privados dão a “garantia e o compromisso de manutenção dos postos de trabalho”.José Manuel Boleiro referiu que o “modelo que o Governo dos Açores escolheu para garantir a continuidade do emprego, da atividade e da marca foi essa”, tratando-se de “um acordo de sucesso” pelo período de dez anos, sendo que a unidade fabril vai ser alvo de um processo de modernização.Em 2008, o Governo Regional, liderado pelo PS, anunciou a decisão de comprar a fábrica de conservas Santa Catarina para evitar o desemprego de mais de uma centena de trabalhadores.A fábrica, localizada em São Jorge, recuperada nos anos 90 pela Câmara Municipal da Calheta, enfrentava grandes dificuldades financeiras, possuindo atualmente 140 trabalhadores.A fábrica de atum Santa Catarina, instalada na fajã Grande, na Calheta, foi construída em 1940. No comunicado, o PCP/Açores adianta que o coordenador daquela estrutura, Marco Varela, se reuniu a 24 de novembro com a administração da fábrica, tendo apurado que "o desejo do Governo Regional é de iniciar um processo de concessão desta empresa a privados durante cerca de 10 anos". Para o PCP "a concessão de uma empresa não é de todo justificável", nem mesmo sendo "temporário".Tal, acrescentam, "não deixaria de ser um processo de transferência para o capital privado de um bem público".O PCP alerta para o "importante papel social" da Santa Catarina, por ser "o maior empregador da ilha de São Jorge, dela dependendo um significativo número de famílias”.Além disso, a fábrica "muito contribui para minimizar os graves problemas da falta de emprego e os decorrentes da perda de população", dizem."Considerando o historial negativo que existe neste tipo de opções, não existem semiprivatizações, nem muito menos privatizações condicionais", diz o partido.O PCP lembra que, atualmente, o setor conserveiro açoriano é representado por quatro empresas: a Cofaco Açores (São Miguel), Corretora (São Miguel) e Pescatum (Terceira), pertencentes à esfera privada, e pela Santa Catarina, empresa pública sediada em São Jorge. No entender do PCP/Açores, através da Santa Catarina, por exemplo, poder-se-ia começar "a diversificar o tipo de peixe comercializado, trabalhando outros peixes abundantes na Região como forma de combater a falta de atum". Para o partido "existe alternativa à privatização", que passa pelo "Governo assumir a totalidade do investimento e considerá-lo isso mesmo – um investimento e não uma despesa". "Os Açores necessitam de uma Santa Catarina pública que dê garantias para o futuro, e não de uma Santa Catarina privada com pseudo-garantias", sublinham, apontando para "um constante desnorte da ação governativa açoriana".