PCP/Açores diz que o orçamento da região não dá resposta aos problemas das pessoas
13 de nov. de 2023, 17:14
— Lusa
“Este orçamento
merecia a nossa rejeição. Não serve aos Açores e aos açorianos, que
todos os dias, cada vez mais, vivem dificuldades para fazer face às
despesas, com o aumento do custo de vida, o crédito à habitação, o
aumento das rendas, o aumento dos combustíveis”, afirmou, em declarações
à Lusa, o coordenador regional do PCP, Marco Varela.Desde
2020 que o PCP não tem representação parlamentar na Assembleia
Legislativa dos Açores, que vota, na semana de 20 a 24 de novembro, as
proposta de plano e de orçamento da região para 2024, apresentadas pelo
executivo PSD/CDS-PP/PPM.O Orçamento para
2024 vai ser o primeiro a ser votado após a IL e o deputado independente
terem denunciado os acordos escritos que sustentavam o Governo
Regional. Os três partidos que integram o Governo Regional têm 26
deputados na Assembleia Legislativa. Com o apoio do deputado do Chega
somam 27 lugares, número insuficiente para a maioria.A
Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na
atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM,
dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um
deputado é independente (eleito pelo Chega).Questionado
sobre este cenário, Marco Varela disse que “se o plano e orçamento
forem rejeitados, o Governo tem 90 dias para apresentar um segundo
orçamento”.“Se o vier a fazer, era
importante que esse orçamento fosse diferente deste, que fosse um
orçamento que tivesse como base na sua construção a resolução dos
problemas com que as pessoas são confrontadas todos os dias”, apontou.Já
quando questionado sobre se o executivo tem condições para continuar a
governar se o orçamento for rejeitado, o dirigente comunista disse que a
resposta tem de ser dada pelos partidos da coligação e pelos que a
apoiam no parlamento.“Este governo foi
constituído na base de um acordo entre os partidos do governo e os
apoios no parlamento. São eles que têm de responder, até por exemplo,
avançando com uma moção de confiança”, salientou.Para
Marco Varela, o orçamento em discussão “não dá resposta aos problemas
que na região se agravam de dia para dia ou dá respostas parcelares
insuficientes”, por isso o partido apresentou hoje 10 medidas que
gostaria de ver integradas no documento.“Apresentámos
10 medidas que para nós são essenciais, nomeadamente o aumento geral
dos salários, de 150 euros para todos os trabalhadores, a criação de
emprego estável e o combate à precariedade laboral, desde logo na
administração pública regional, pondo fim aos falsos recibos verdes e
aos programas ocupacionais”, adiantou.O
PCP quer ainda que o Governo Regional “não fique por um aumento tímido”
dos complementos regionais de pensão e de abono de família e reforce a
rede pública de creches, para garantir “a cobertura das necessidades
existentes em cada ilha”.Na educação, o
partido propõe o reforço de professores e assistentes operacionais,
considerando igualmente “indispensável o reforço de verbas para as
despesas correntes de funcionamento e para obras no parque escolar
regional”.No Serviço Regional de Saúde, o
PCP defende o aumento de recursos e meios para garantir que todos os
açorianos têm médico de família e para “tornar efetivo o acesso aos
exames complementares, às consultas de especialidade e às cirurgias”.Os
comunistas sugerem a criação de planos de requalificação urbana, em
articulação com as autarquias, para disponibilizar a oferta de habitação
para arrendamento a custos controlados com opção de compra.Na área
dos transportes, o partido quer que o executivo desista da privatização
em curso da Azores Airlines, que adquira duas embarcações para
transporte de passageiros, carga e viaturas, que assegurem, durante todo
o ano, as ligações marítimas entre todas as ilhas, e que reforce a rede
de transportes públicos terrestres.Para o
PCP, “pelo menos 1% do orçamento” dos Açores para 2024 deve ser afeto à
área da cultura e deve haver um reforço dos apoios à diversificação da
produção regional, na agricultura e nas pescas, e do investimento no
setor da transformação.