PCP/Açores denuncia reformas “extremamente baixas” nas pescas
31 de out. de 2022, 16:12
— Lusa/AO Online
Na
sequência de duas sessões realizadas a 27 e 29 de outubro,
respetivamente em Ponta Delgada e em Rabo de Peixe, na ilha de São
Miguel, numa iniciativa promovida pela cooperativa Porto de Abrigo, o
PCP/Açores diz que foi discutida a questão das “reformas extremamente
baixas que os pescadores auferem”, a par do “desencorajante futuro da
profissão”.De acordo com uma nota de
imprensa, os comunistas referem que o setor está “ensombrado por mais
uma decisão que parece estará ser tomada longe: a criação de mais áreas
marítimas ditas protegidas que, ao serem concretizadas, restringiriam de
forma drástica o já reduzido espaço de pesca explorado pela frota
açoriana, sem trazer nenhuma séria melhoria no estado dos recursos”.Os
comunistas - que apontam que apenas o PSD esteve presente nas duas
sessões - referem que “vários pescadores testemunharam a progressiva
degradação da sua situação económica, que desde os anos oitenta não para
de piorar, em grande parte pelas políticas da União Europeia orientadas
pela concentração do direito de produção nas mãos de um restrito grupo
de países e de grupos económicos”.“Mas é
certo que os sucessivos governos nacionais e regionais nada fizeram para
minimizar o prejuízo, bem pelo contrário”, ressalva o PCP/Açores.Para
os comunistas, “continua a não haver vontade política para programar
seriamente o futuro, ultrapassando a manta de retalhos constituída pelas
muitas medidas avulsas tomadas nestes decénios, guiando-se pela bússola
dos interesses partidários e de clientela”. Segundo
aquela força política, “vários profissionais testemunharam da
ineficiência dos métodos implementados na salvaguarda dos recursos, e
fizeram-no com o conhecimento de causa que só eles têm, e com a
preocupação que esta questão, que é real, suscita em quem depende da
existência de 'stocks' piscícolas sustentáveis”.De
acordo com os pescadores, o “progressivo alargamento de zonas
interditas à pesca mais não é do que o reconhecimento de que tal tipo de
medidas não resolve o problema”.“Mais uma
vez, o PCP insiste na necessidade de não se desenharem planos e medidas
que determinam a viabilidade do setor sem envolver nas mesmas os
pescadores profissionais no seu todo”, assinala. O
PCP/Açores refere que foi ainda abordado o “montante escandalosamente
baixo recebido pela maioria dos pescadores”, sendo que “há muitos deles
que, com reformas muito abaixo do salário mínimo, que deixaram de
auferir o complemento regional por serem ‘empresários’, isto é,
‘armadores’. “A maior parte destes
armadores são apenas reformados proprietários do pequeno barco que dá
trabalho aos filhos, porque esta é a realidade da maioria dos
pescadores, particularmente em São Miguel. É urgente que a Assembleia
Legislativa Regional elimine esta injustiça, vinculando a concessão do
acréscimo ao montante real da reforma auferida e não a definições de
categoria tão abrangentes como o termo de empresário”, defende o
PCP/Açores.