PCP/Açores considera “inaceitável” reforma curricular proposta pelo Governo Regional

O líder do PCP/Açores, Marco Varela, considerou "inaceitável" a reforma curricular que o Governo Regional socialista pretende implementar nas escolas do arquipélago, sob pretexto de uma "falsa autonomia".


Autor: Lusa/AO Online

"Apenas com uma intenção economicista, esta proposta pretende a redução de custos com pessoal docente, degradando as condições de ensino e sobrecarregando ainda mais os professores e os alunos dos Açores, o que é inaceitável", apontou o dirigente comunista, em conferência de imprensa na Horta.

A proposta apresentada pelo gabinete de Avelino Meneses, secretário regional da Educação e Cultura, pretende introduzir alterações aos currículos das escolas, que vão passar a decidir se querem ou não disciplinas trimestrais ou semestrais, aulas de 45, 50 ou 60 minutos e diferentes cargas horárias para os alunos.

"Para o PCP/Açores, é inconcebível que uma proposta desta natureza, que implica mudanças estruturais em todo o sistema educativo regional, tenha sido apresentada no mês de abril, com a intenção de ser aplicada em setembro", criticou Marco Varela, lamentando que o executivo não tenha ouvido, previamente, toda a comunidade educativa a este propósito.

Paula Decq Mota, dirigente comunista e professora, lembrou, na ocasião, que a Assembleia Legislativa dos Açores, que está a apreciar a proposta do Governo, pediu pareceres às escolas e aos sindicatos e que, dos 42 pareceres recebidos até à data "apenas dois são favoráveis a esta reforma educativa".

"Os restantes 40 são contra", sublinhou.

"Uma reforma curricular desta natureza não pode ser tomada no prazo de um mês", advertiu Paula Decq Mota, recordando que as escolas "não têm tempo para implementar todas estas alterações", sobretudo no final de um ano letivo, numa altura em que os docentes estão a preparar as notas dos alunos e também os exames nacionais.

Por tudo isto, Marco Varela apela aos professores dos Açores para que "lutem" contra esta intenção, manifestado o seu desagrado relativamente à proposta do Governo Regional, que deverá ser discutida e votada em plenário, na Assembleia Regional, já na próxima semana.

Recorde-se que, já esta semana, os deputados do PSD e do PPM criticaram também, em comunicado, a pressa com que o executivo açoriano estava a preparar a implementação da reforma curricular nos Açores, apelando ao Governo para que adie a votação do diploma e permita uma discussão mais vasta sobre este modelo.

O secretário regional da Educação e Cultura não vê, no entanto, razões para tamanha contestação e já lembrou publicamente que este novo modelo curricular está em vigor nos Açores, desde o ano passado, de forma experimental em algumas escolas, e "com sucesso", garantindo que o modelo tem sido discutido dentro e fora das escolas.