Paulo Raimundo considera incoerência não haver eleições se OE2025 for chumbado
14 de jul. de 2024, 19:26
— Lusa
“Aquilo
que era inevitável há dois anos parece que agora já não é inevitável”,
afirmou Paulo Raimundo, considerando haver “alguma incoerência” na
possibilidade de não ser dissolvida a Assembleia da República e
convocadas eleições antecipadas se o Orçamento do Estado for chumbado.Aludindo
à hipótese de o Governo de Luís Montenegro não se demitir caso o
Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado, o secretário-geral do
PCP citou Luís de Camões, considerando que “a visão de há 500 anos” se
mantém atual: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.“
Se o orçamento for chumbado, o que é que altera face à situação de há
dois anos?”, questionou, lembrando que em 2022 “houve um orçamento que
foi chumbado e houve eleições antecipadas, nem sequer houve nenhuma
possibilidade de procurar outra solução”.Lembrando
que o PCP apresentou uma moção de rejeição do programa do Governo e
que, por vontade do partido “este Governo não tinha entrado em funções”,
Paulo Raimundo, recusou antecipar se o seu partido apresentará ou não
uma moção de censura caso o orçamento não seja aprovado.“Somos
os que estamos mais à vontade, mas não quero antecipar isso”, disse
Paulo Raimundo, vincando que o importante “é o conteúdo e as propostas
concretas” do orçamento do Estado que, se for ao encontro das propostas
do Governo de Luis Montenegro, “com clareza, e sem hesitação nenhuma
terá o voto contra” do PCP.Paulo Raimundo
falava na Foz do Arelho, no concelho das Caldas da Rainha, onde hoje
discursou perante cerca de 300 militantes e simpatizantes do PCP que
participaram na Festa Verão, organizada anualmente pelo partido.Na
sua intervenção, o secretário-geral do PCP não poupou críticas ao
Governo PSD/CDS-PP, que acusou de ser “perito em propaganda” e de
“governar ao serviço e a mando dos grupos económicos”.“[Mas]
seríamos iludidos se pensássemos que é esta apenas a vontade do PSD e
CDS”, disse, juntando ao rol das críticas a Iniciativa Liberal, “como
farol ideológico do capital” e o Chega “os ruidosos de serviço, os mais
vocais do campeonato da reação” e, ainda, o PS “que alimenta todo este
faz de conta, que enche o peito de proclamações, que propõe hoje aquilo
que chumbou ontem”.Para o PCP, o país vive
“uma estabilidade política” que não serve o partido nem os
trabalhadores e com a qual os comunistas querem “romper” para
implementar “uma política alternativa, ao serviço de quem trabalha e
trabalhou uma vida inteira, ao serviço da juventude e do país”, concluiu
Paulo Raimundo.