Paulinho acredita que Iúri Leitão tem “grandes hipóteses” de suceder-lhe
Paris 2024
7 de jul. de 2024, 09:06
— Lusa
Passaram
duas décadas desde que Sérgio Paulinho conquistou a única medalha
olímpica para o ciclismo português, mas o sempre modesto antigo corredor
não acredita que foi o seu feito pessoal a provocar uma ‘revolução’ na
modalidade, preferindo antes partilhar a ‘responsabilidade’ com outros
contemporâneos e não só. “O [José] Azevedo
já vinha a fazer vários ‘top 5’ no Tour, no Giro, o Orlando
Rodrigues... Já eram ciclistas que davam nome ao ciclismo português. O
ciclismo português já era reconhecido internacionalmente pelos seus
feitos. Claro que, depois, uma medalha olímpica de um ciclista português
acabou, se calhar, por espoletar ainda mais o interesse pelo ciclismo
português. Acho que fiz parte de um lote de grandes ciclistas que ajudou
o ciclismo português”, clarificou.Desde
aquela prata em Atenas2004 muito mudou na vida daquele que foi um dos
gregários de referência no pelotão internacional, nomeadamente do
espanhol Alberto Contador, mas também na realidade da modalidade em
termos nacionais. “Acho que, nos últimos
anos, o ciclismo português teve uma evolução bastante grande com os
jovens, como o João Almeida, o Rui Costa, o António Morgado neste
momento, que pode vir a ser um dos melhores do mundo. E acho que temos
tudo para continuar a conquistar Campeonatos do Mundo, Jogos Olímpicos
e, quem sabe, grandes Voltas”, defendeu.Ainda
assim, o ex-ciclista de Oeiras, de 44 anos, considera que em Paris2024
dificilmente a comitiva lusa, composta pelo campeão mundial de fundo de
2013, Rui Costa, e Nelson Oliveira, pode repetir uma medalha na estrada.
“Ainda não vi o percurso ao detalhe, mas
por aquilo que tenho ouvido não é um percurso tão exigente. […] Diria
que seria um percurso mais adequado a um sprinter e nós, neste momento,
sprinter puro não temos. Se fosse uma corrida com bastante dureza, isso
sim […] poderíamos ter algumas hipóteses. No ciclismo, é como costumo
dizer, nunca podemos dizer que não temos hipóteses. Até à linha de meta,
tudo é possível. Mas acho um pouco difícil”, avaliou.Prognóstico
diferente tem, contudo, para a pista, onde acredita que “Iúri Leitão
tem grandes hipóteses” de juntar uma medalha olímpica ao título mundial
de omnium. “Já demonstrou isso e tem vindo
a demonstrar nos últimos anos. Eu acho que temos grandes hipóteses de
fazer um feito histórico na pista nestes Jogos Olímpicos”, perspetivou.Paulinho não se importa “nada” de deixar de ser o único medalhado olímpico do ciclismo português. “Até
que ganhemos 100 medalhas na modalidade, porque, neste momento, não
digo que era importante, era crucial termos um feito histórico para
puxar o ciclismo para cima. O ciclismo tem passado por momentos
difíceis, por isso um resultado neste momento era ouro sobre azul”,
concluiu.