Patrícia Mamona aponta à consolidação no ‘clube’ dos 15 metros
Tóquio2020
4 de ago. de 2021, 15:43
— Lusa/AO Online
No
aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, Patrícia Mamona foi recebida em
apoteose por familiares, amigos e fãs, numa chegada que espera “repetir
muito mais vezes”, falando aos jornalistas num espaço do Comité Olímpico
de Portugal (COP).“Quem
já me conhece sabe que eu não me consigo contentar com o meu recorde
nacional ou pessoal. Há sempre oportunidades para melhorar. Felizmente,
saí daqui com uma marca que, no início, pensei que era impensável, mas
que comecei a acreditar à medida que fui melhorando. Estar neste patamar
dos 15 metros já é histórico, é fazer parte do ‘clube’ das melhores de
sempre. Quero aproveitar esta maré, estar no ‘clube’ mais vezes e pensar
que há sempre algo melhor”, sublinhou.Revelando
que ainda está “a tentar perceber o que está a acontecer”, a atleta do
Sporting manifestou o orgulho em “representar esta nação” no maior
evento desportivo do mundo, para o qual treinou “muito a parte emocional
e mental”.“Sabia
desde o início que ia ser uma competição muito difícil e tinha de estar
preparada para responder a qualquer momento. Não estava satisfeita na
competição com os 15,01. Até senti que podia dar muito mais, pois fui
até 12 centímetros antes da tábua, o que dá sempre alguma margem de
progressão. Só pensei em dar tudo, tudo o resto era consequência disso.
Fui feliz, sou vice-campeã olímpica, estou no ‘clube’ dos 15 metros,
meti Portugal no pódio... É excecional”, afirmou a lisboeta, de 32 anos.A
também campeã europeia em pista coberta considerou que tem “muito para
dar”, até pela “felicidade de ter uma carreira quase sem lesões graves,
apenas uma, o que dá uma perspetiva mais longínqua em termos de
carreira”, desvalorizando a idade.“Temos
de começar a desligar um pouco as idades e acreditarmos que somos
capazes de ir atrás dos nossos sonhos. O meu intuito é sempre dar tudo e
representar Portugal da melhor forma”, frisou, acrescentando: “Qualquer
atleta quer dar o seu melhor enquanto estiver bem. Não tenho
data-limite, pois não sei quando é que o meu corpo vai começar a dizer
que não. Se a mente estiver ativa, o corpo é capaz de fazer tudo”.Na
final, a portuguesa, que superou por três vezes o anterior máximo
nacional (14,66 metros) - marca que sentia “há muito tempo que valia
muito mais” do que esse registo -, só foi batida pela venezuelana
Yulimar Rojas, um “fenómeno”, que começou por bater o recorde olímpico
(15,41 metros) e fechou com o recorde do mundo (15,67).Patrícia
Mamona ressalvou ainda a importância dos apoios, que “fazem muita
diferença, principalmente em disciplinas técnicas em que se compete com
outros países muito mais avançados nisso”, lembrando que se iniciou no
desporto escolar.“Se
queremos ter um grande lote de atletas a competir em grandes
competições, temos de estar ao nível das outras nações. Eu vim do
desporto escolar, acho que temos de investir um bocado mais no desporto
escolar porque é daí que vêm os talentos. A partir daí, é florir e
conseguir trazer atletas de elite”, expressou a atleta.Com
três medalhas conquistadas em Tóquio2020, uma vez que o judoca Jorge
Fonseca, na categoria de -100 kg, e o canoísta Fernando Pimenta, no K1
1.000 metros, alcançaram as de bronze, Portugal já igualou o melhor
pecúlio em Jogos Olímpicos, reeditando as três subidas ao pódio de Los
Angeles1984 e Atenas2004, passando a contar com um total de 27 (quatro
de ouro, nove de prata e 14 de bronze).