Pastoral Penitenciária debate criminalidade e reinserção

Numa organização do Departamento da Pastoral Penitenciária da Conferência Episcopal Portuguesa, a iniciativa, aberta a voluntários, assistentes religiosos ou visitadores, tem como tema “Prisões, um desafio à sociedade”. O coordenador da Pastoral Penitenciária, padre João Gonçalves, explicou à agência Lusa que esta “funciona nos três eixos: prevenção, prisão e reinserção”. “Embora não deixando de falar nas prisões, entendemos que devemos alertar para os outros dois aspetos da criminalidade”, disse João Gonçalves, também pároco de Ílhavo e capelão no Estabelecimento Prisional de Aveiro. O responsável afirmou que “prevenção não é ter polícias em todas as ruas”: “Isto é um equívoco”, declarou, defendendo que prevenção “faz-se na mentalidade de cada um e na transmissão de valores às crianças e jovens”. Realçou ainda a importância da reinserção dos reclusos, tarefa que “começa no dia em que a pessoa é presa”, manifestando o desejo de que “as prisões possam vir a fazer com mais eficácia e mais eficiência o trabalho para a reinserção”. Sustentando que “o trabalho da prisão não é só fazer cumprir a pena”, o sacerdote considera que o recluso tem de “ser preparado e ajudado”, a começar, nos estabelecimentos onde tal é possível, por ter uma ocupação. “Faltam possibilidades de mais ocupações”, referiu João Gonçalves, reconhecendo que, nesta área, as empresas podem fazer voluntariado social, dentro e fora das prisões, como cursos de formação. Segundo João Gonçalves, “há muitos voluntários e muita gente a oferecer-se para trabalhar com os reclusos e a ajudar na assistência espiritual e religiosa”, mas há “outro voluntariado que pode “ajudar nesta área concreta”. Na manhã de segunda-feira, o encontro começa por abordar a operacionalização do diploma que regulamenta a assistência espiritual e religiosa nas prisões. À tarde, a Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse, fala sobre os estrangeiros nas prisões de Portugal, seguindo-se as “Implicações na sociedade na prevenção e reinserção”, pela Associação Cristã de Empresários e Gestores. Na terça-feira, o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, José Manuel Anes, discursa sobre as causas da criminalidade. Os trabalhos encerram com o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, o bispo Carlos Azevedo.