Passivo da SATA a assumir pelos Açores ficará "longe” de 700ME
9 de dez. de 2025, 14:58
— Lusa/AO Online
“O
passivo que hoje aqui se tentou dizer que iria ficar nas mãos da região
uma dívida de 700 milhões - e já se falou em 600 milhões - não será
assim. No fim veremos efetivamente o passivo que fica, mas o passivo já
era de todos os açorianos”, afirmou o secretário das Finanças,
Planeamento e Administração Pública (PSD/CDS-PP/PPM).Duarte
Freitas, que falava na Assembleia Regional, na Horta, no debate de
urgência sobre a SATA solicitado pelo PS, insistiu que, “em qualquer
circunstância, o passivo” da Azores Airlines “ficaria a pesar sobre os
açorianos”.“Vai haver um passivo, efetivamente, de dívida, que vai ficar [mas] muito longe dos 700 milhões de euros certamente”, reforçou.O
secretário regional lembrou os vários momentos da privatização para
destacar o “rigor, a complexidade e a transparência” do processo, que
tem respondido às “exigências” da Comissão Europeia e “envolvido os
trabalhadores”.“Há muita matéria ainda a
afinar, mas esse passivo que ficará no fim é o que naturalmente os
açorianos terão de pegar, mas isso era sempre uma inevitabilidade. Temos
é de tentar, é isso que interessa, salvaguardar ao máximo o interesse
público e salvaguardar ao máximo a Azores Airlines e os trabalhadores”,
reforçou.Antes, o socialista Carlos Silva
anunciou uma proposta para que o parlamento tenha “poderes específicos”
para fiscalizar a privatização da Azores Airlines e acusou o executivo
regional de “enganar os açorianos” devido ao perdão ou assunção de “700
milhões do passivo”.No debate, o deputado
do PSD/Açores Paulo Simões criticou as “duas caras do PS” e defendeu que
“não foi o governo” PSD/CDS-PP/PPM que “deteriorou” a SATA, evocando as
responsabilidades dos socialistas que governaram a região de 1996 a
2020.O social-democrata acusou ainda o
maior partido da oposição de “puxar a SATA para baixo”, afirmando que “o
PS quer o mal da SATA porque quer mal do governo”.Por
seu lado, José Pacheco, do Chega, denunciou “rotas deficitárias” que
causam “prejuízos astronómicos” e avisou que a SATA Air Açores
(responsável pelos voos interilhas) não pode ser “contaminada” pela
Azores Airlines (que voa da região para o exterior).“O
grande fracasso da SATA deve-se ao PS. Isso é ponto assente. Não há
açoriano que não o saiba. Também é certo que o mesmo caminho trilhado
continuou depois de 2020”, declarou Pacheco.O
socialista e antigo presidente do Governo Regional Vasco Cordeiro
alertou para o risco de incumprimento da reestruturação da SATA, já que a
"assunção do passivo não está prevista desta forma" e porque o
executivo estimava receber 80 e 11 milhões de euros com a alienação da
Azores Airlines e do ‘handling’, respetivamente.O
líder parlamentar do CDS-PP, Pedro Pinto, considerou que os últimos
resultados da SATA dão “sinais de estabilização”, enquanto o deputado do
PPM João Mendonça denunciou a “amnésia política” do PS.António
Lima (BE) defendeu que o Governo Regional “falhou redondamente no
objetivo de salvar a SATA” e alertou para o risco de a empresa ser
"comprada com o dinheiro" dos açorianos.O
parlamentar da IL, Nuno Barata, afirmou que o consórcio interessado na
Azores Airlines “apresentou uma proposta sabendo que não pode ser
aceite” e advogou que é “preciso resolver rapidamente” a “sangria”
provocada pela companhia.