Passageira de 14 anos provocou queda de ultraleve

7 de fev. de 2017, 18:45 — Lusa/Açoriano Oriental

A conclusão consta do relatório final da investigação ao acidente, publicado na página do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA). O ultraleve foi consumido pelas chamas quando embateu na pista do Aeródromo Municipal de Beja, na tarde de 1 de janeiro, e causou lesões graves ao piloto, de 66 anos, e à menor, que interferiu “nos comandos de voo” durante a descolagem para um batismo de voo. “O piloto referiu que durante a corrida de descolagem (…) viu a passageira inclinar-se para a frente, abraçar o manche do lado direito e puxá-lo para ela”, refere o relatório. Segundo a investigação, o piloto e também proprietário do ultraleve não possuía um certificado médico válido, não tinha um seguro de responsabilidade civil obrigatório, a documentação do motor não correspondia ao motor instalado e o certificado de voo do ultraleve estava caducado. “Na data do acidente, o piloto estava inibido de exercer os privilégios da sua licença de pilotagem, não porque sofresse de alguma patologia, mas por falta de um certificado médico válido”, relata a investigação. A menor embarcou pouco antes do pôr-do-sol e após o seu pai e o piloto terem efetuado um voo de lazer, acrescentando o relatório que, apesar do adiantado da hora, havia “vontade” de se realizar um pequeno voo de batismo com a adolescente. “Não houve tempo para uma explicação sobre pontos essenciais do avião como os comandos de voo (manche e pedais), comandos de motor (localização das manetes), funcionamento dos cintos e abertura das portas. Desta forma, tudo indica que a passageira embarcou no avião desconhecendo por completo o que podia e não podia fazer a bordo”, revela o documento. A investigação critica a postura do piloto, dos pais da menor e do aeródromo que permitiu o voo, apesar de estar próximo o pôr-do-sol (ultraleves só podem voar com luz, até ao pôr-do-sol). “Pela pressão gerada relativamente ao adiantar da hora, não foi assegurado pelo piloto um briefing de procedimentos explicativos à passageira, nem os progenitores se preocuparam em fornecer ao piloto as características comportamentais da passageira, sua filha, quanto aos receios de voar, especialmente numa aeronave com estas características”, frisa a investigação. Os pais autorizaram o voo da filha, mas segundo o relatório final ao acidente, e apesar das várias tentativas, o pai da adolescente nunca autorizou que a filha fosse ouvida pelo investigador do GPIAA, alegando “razões psicológicas”. O piloto esteve internado 24 dias, nove dos quais em cuidados intensivos, sendo as principais lesões a fratura da bacia em cinco locais e fratura de sete costelas. Atualmente, o sexagenário continua com sequelas ao nível da coluna e lesões em duas costelas. As lesões sofridas pela passageira obrigaram a internamento hospitalar durante 10 dias. A menor passou a ser seguida na consulta de ortotraumatologia e consulta de psicologia, com evolução demorada.