Partidos no parlamento dos Açores com “irregularidades” nas contas da campanha de 2016
22 de mai. de 2020, 13:34
— Lusa/AO Online
De acordo com o relatório
daquela entidade, que funciona junto do Tribunal Constitucional,
disponível ‘online’, nas contas do partido maioritário nos Açores, o PS,
“verifica-se que se está perante uma situação de contas prestadas com
irregularidades”.A entidade aponta que
existem “ações e meios não refletidos nas contas de campanha”,
nomeadamente a “subavaliação de despesas e receitas em violação do dever
genérico” previsto na legislação em vigor.A
Entidade das Contas e Financiamentos Políticos aponta ainda
irregularidades nas contas do PS/Açores relativas à “existência de
despesas inelegíveis”, de “despesas valorizadas abaixo do valor de
mercado”, bem como “deficiências no suporte documental de algumas
despesas e/ou inexistência de elementos complementares de análise”.É também apontado no relatório a “existência de deficiência da informação prestada”.No
parlamento dos Açores vai ser votado um pedido de levantamento da
imunidade parlamentar do antigo líder do PSD/Açores Duarte Freitas, que
diz respeito à possível "prática do crime de financiamento ilícito de
campanha eleitoral" em 2016.De acordo com o
parecer divulgado na Internet pela comissão parlamentar de Assuntos
Parlamentares, Ambiente e Trabalho do parlamento dos Açores, o pedido do
Tribunal Judicial da Comarca dos Açores - Juízo de Instrução Criminal
de Ponta Delgada, deu entrada na Assembleia Legislativa da Região
Autónoma dos Açores a 07 de maio.O pedido
de levantamento da imunidade parlamentar de Duarte Freitas, refere o
parecer, foi feito a fim de o social-democrata "ser constituído arguido e
ser interrogado", no âmbito de um processo "que corre termos no
Departamento de Investigação e Ação Penal - 5.ª Secção de Ponta Delgada,
da Procuradoria da República da Comarca dos Açores".No
relatório sobre as contas de campanha do PSD/Açores, também “prestadas
com irregularidades”, verificam-se, tal como no caso do PS/Açores,
“ações e meios não refletidos nas contas de campanha” através da
subavaliação de despesas e receitas”, a par da “não disponibilização ao
Tribunal Constitucional da prova do encerramento da conta bancária” e de
“todos os extratos bancários”.A
utilização de descoberto bancário, a existência de contribuições do
partido não certificadas, a par de receitas e despesas provenientes da
utilização de bens do PSD/Açores por via de receitas e despesas
sobrevalorizadas, bem como a falta de declaração de assunção de dívidas
da campanha eleitoral, constituem outras das situações apontadas pela
Entidade das Contas e Financiamentos Políticos.No
caso específico das contas do CDS-PP/Açores, igualmente prestadas “com
irregularidades”, assiste-se a “ações e meios não refletidos nas contas
de campanha”, através da "subavaliação de despesas e receitas”, não
tendo sido disponibilizado ao Tribunal Constitucional “prova do
encerramento da conta bancária”.De acordo
com o relatório, assiste-se nas contas centristas à “existência de
movimentos na conta bancária sem reflexo direto nas contas da campanha e
movimento no mapa da despesa sem reflexo na conta bancária”, com
“receitas e despesas subavaliadas/sobreavaliadas”.Entre
outras situações detetadas, a Entidade das Contas e Financiamentos
Políticos aponta ainda a “existência de cedência de bens a título de
empréstimo, com impossibilidade de conclusão pela sua razoabilidade e
valorização”.O PPM/Açores também apresenta
“irregularidades nas contas”, com “ações e meios não refletidos nas
contas de campanha”, através da "subavaliação de despesas e receitas”, a
“não disponibilização ao Tribunal Constitucional de todos os extratos
bancários” e a “impossibilidade de confirmação da origem de
contribuição”.O BE/Açores é dos partidos
que regista menos irregularidades, que são exclusivamente relativas à
“cedência de bens a título de empréstimo não reconhecida nas contas da
campanha”, a “despesas pagas em numerário de montante superior” ao
previsto e ainda “despesas valorizadas abaixo do valor de mercado”.A
CDU/Açores, que integra o PCP, regista o mesmo número de
irregularidades do Bloco, relativas a “ações e meios não refletidos nas
contas de campanha” por via da “subavaliação de despesas e receitas” e
da “existência de despesas valorizadas abaixo do valor de mercado”, para
além da “falta de apresentação” de alguns dos elementos de prestação de
contas.