Partidos estreantes tiveram arranque de legislatura atribulado
3 de ago. de 2020, 11:38
— Lusa/AO Online
As eleições legislativas do ano passado, que
se disputaram em 06 de outubro, levaram três estreantes ao parlamento. O
Chega elegeu André Ventura (com 66 mil votos), a Iniciativa Liberal
João Cotrim Figueiredo (com 65 mil votos) e o livre a deputada Joacine
Katar Moreira (com 55 mil votos), todos eleitos pelo círculo de Lisboa.Já
o PAN aumentou a representação de um deputado único, para quatro, tendo
conseguido constituir um grupo parlamentar, ao conseguir 174 mil votos.Porém,
a euforia em torno da eleição destes partidos durou pouco tempo e a
polémica que marcou o arranque da primeira sessão legislativa começou
logo em novembro, quando a direção do Livre censurou a deputada eleita
por ter votado uma iniciativa "em contrassenso" com o programa e as
posições do partido.Este foi o início de
um atribulado processo, que contou com acusações de parte a parte e que
culminou com a retirada da confiança política a Joacine Katar Moreira no
final de janeiro, que depois se constituiu como a primeira deputada não
inscrita da XIV legislatura.Antes, no
final de outubro, nem um mês após as eleições, o então líder da
Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, deixou o cargo, alegando que
a sua missão ficou cumprida no “dia histórico” em que a força política
se estreou com uma intervenção no parlamento.No
dia 08 de dezembro, na III Convenção Nacional do partido, o deputado
João Cotrim Figueiredo foi eleito presidente da Comissão Executiva da
Iniciativa Liberal, uma candidatura única que recolheu 96% dos votos.Também
o Chega está, desde abril, com uma direção demissionária, situação que
se manterá assim até ao início de setembro, para quando está marcada a
eleição do novo presidente e uma convenção de onde sairá a próxima
Direção Nacional do Chega.O deputado, e
ainda presidente, André Ventura demitiu-se da liderança do partido no
início de abril, depois de ter sido alvo de críticas internas pela forma
como votou a renovação do estado de emergência decretado devido à
pandemia de covid-19.Num vídeo divulgado
na altura, o parlamentar alegou estar “farto” e “cansado” dos que
“sistematicamente boicotam” a direção do partido.Durante
esta primeira sessão legislativa, André Ventura esteve envolto em
várias polémicas, desde propor que a deputada Joacine Katar Moreira
fosse “devolvida ao seu país de origem” até ter anunciado a apresentação
de um plano específico de “abordagem e confinamento” para as
comunidades ciganas, o que lhe valeu duras críticas do jogador de
futebol Ricardo Quaresma.O deputado do Chega não chegou a apresentar este plano, mesmo depois de ter garantido que não voltaria atrás.Já
o PAN, começou a legislatura com quatro deputados, mas terminou o ano
parlamentar com apenas três, depois de Cristina Rodrigues, eleita por
Setúbal, se ter juntado a Joacine Katar Moreira como deputada não
inscrita.Cristina Rodrigues foi uma das
sete dirigentes que se desvincularam do partido. Um deles, e o primeiro a
sair, foi Francisco Guerreiro, o eurodeputado eleito em maio do ano
passado, o que fez o PAN perder a representação no Parlamento Europeu.Além
destes dois parlamentares, que integravam a Comissão Política Nacional
do partido, saíram também três membros da Comissão Política Regional da
Madeira (o que levou à dissolução daquele órgão) e duas dirigentes
locais, sendo que o grupo parlamentar exonerou, de seguida, a chefe de
gabinete e dois assessores.Os dirigentes
desvincularam-se do PAN em desacordo com a atuação da direção, tendo
apontado duras críticas ao porta-voz, André Silva, que desvalorizou as
saídas e classificou como dores de crescimento.