Partidos acusam executivo de falhar na saúde com PSD e PCP a criticar Estatuto do SNS
7 de set. de 2022, 16:44
— Lusa/AO Online
Os
deputados intervinham no período de declarações políticas, na reunião
da Comissão Permanente – órgão que funciona na Assembleia da República
durante o período de interrupção para férias – antes do debate com o
Governo sobre inflação. João Dias, do PCP,
foi o primeiro a deixar críticas ao executivo maioritário do PS,
apontando que “é a falta de resposta do SNS que cria espaço para que os
doentes sejam enviados para o privado”. “O
Governo assistiu passivamente ao enfraquecimento do SNS, permitindo a
degradação das condições de trabalho dos profissionais de saúde, por
outro lado as medidas que tomou foram no sentido de tornar o SNS ainda
mais dependente do setor privado, como se comprova pelo recém-publicado
Estatuto do SNS, que constitui um evidente recuo em relação à nova Lei
de Bases de Saúde, aprovada em 2019, agravando a promiscuidade entre o
público e o privado”, afirmou. Para os
comunistas, o novo estatuto do SNS “vem incluir como unidades do SNS
instituições privadas com quem o serviço público estabelecer contratos”,
“permitir a cedência de exploração de serviços clínicos hospitalares a
entidades externas” e “mantém a clara intenção de voltar às ruinosas
Parcerias Público-Privadas da saúde”. “Não
é que o Governo não saiba o que pode e deve fazer, mais não fosse,
bastava ter em conta as propostas que o PCP tem apresentado. É mesmo por
opção que deixa o serviço público deslizar para a degradação”, vincou. Pelo
PSD, o deputado Ricardo Baptista Leite alertou que “o governo quer
aprovar o estatuto do SNS nas costas do povo, atrás de uma cortina de
fumo”, responsabilizando António Costa por uma “progressiva degradação
na qualidade dos cuidados prestados pelo SNS”.O
social-democrata lamentou ainda que o executivo não tenha avançado com a
construção de hospitais no país, referindo que “o único equipamento que
está a ser construído, está a ser feito com o dinheiro dos munícipes do
concelho de Sintra” mas esta instalação “não terá uma única cama
hospitalar” sendo todas para cuidados continuados. “Todos
se lembram da vaquinha com asas que o primeiro-ministro apresentou ao
país. Pois bem, um hospital sem camas hospitalares é como uma vaca sem
asas – simplesmente não voa. Mas tudo serve para propaganda”, ironizou. Lembrando
a demissão de Marta Temido, o deputado disse que “mudar a ministra sem
mudar as políticas do governo para a saúde é como tratar uma fratura
exposta com um penso rápido”, apelando ao primeiro-ministro que tenha
“humildade para reconhecer que o governo falhou na saúde”. “Num momento em que o país precisa de coragem, temos um governo cobarde”, atirou. Por
parte do Chega o deputado Diogo Pacheco de Amorim também lembrou a
demissão de Marta Temido e falou num “caos instalado na saúde, um
sorvedouro de recursos escassos” com “uma péssima gestão, orientada pela
ideologia e não pela dura realidade dos factos”. A
restante intervenção do deputado foi dedicada ao projeto de resolução
apresentado pelo Chega de censura ao comportamento do presidente do
parlamento, Augusto Santos Silva. O
deputado disse não estar em causa o respeito institucional que o partido
tem para com Santos Silva, mas sim uma questão de liberdade de
expressão. “O que está em causa é o bem
maior e insubstituível de qualquer democracia: a liberdade de expressão.
Podermos dizer de forma clara e inequívoca aquilo que consideramos
indispensável dizer. Há sim, e isso é indiscutível, um chão comum da
democracia e esse chão comum é precisamente o da liberdade de expressão e
de discurso”, sublinhou.